Volume armazenado pela indústria é suficiente para só sete dias
Os estoques domésticos de suco de laranja congelado e concentrado caíram ao menor nível em 20 anos no fim da safra 2010/11.
De acordo com levantamento da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), o volume armazenado em 30 de junho era de 214,3 mil toneladas, o suficiente para apenas sete dias de consumo. O número é 14% inferior ao de igual período da safra passada. Há apenas três anos, os estoques da commodity somavam 456 mil toneladas, ou 20 semanas de consumo, segundo a CitrusBR, entidade integrada por Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus.
Segundo o presidente-executivo da CitrusBR, Christian Lohbauer, a diminuição dos estoques é reflexo de dois anos seguidos de queda na produção de laranjas em São Paulo, onde se concentra praticamente toda a oferta da fruta no país, e na Flórida, maior produtor dos Estados Unidos. "Embora a demanda mundial tenha se mantido relativamente estável ao longo da última década, uma epidemia de gripe no inverno do ano passado fez com que o consumo nos Estados Unidos registrasse um aumento que, embora pontual, também pressionou os estoques", explica.
Para ele, os estoques apertados são bem-vindos neste momento, já que São Paulo se prepara para colher a maior safra dos últimos 10 anos. A CitrusBR prevê uma produção de 387 milhões de caixas da fruta, o que representa um aumento de 22% em relação à safra anterior - o Instituto de Economia Agrícola (IEA) estima uma colheita menor, de 369 milhões de caixas.
"Como os estoques são baixos, vamos ter de comprar tudo [toda a laranja]. Se tivessem se mantido no mesmo patamar do ano passado, teríamos um excesso de oferta que seria desastroso para o setor", afirma Lohbauer. Ao todo, prevê o executivo, as processadoras vão comprar 330 milhões de caixas da fruta neste ano, 80 milhões a mais que no ciclo 2010/11.
Como os frutos colhidos demoram cerca de um ano para chegar ao consumidor final, os preços do suco devem se manter em níveis elevados por algum tempo, refletindo o aperto na oferta. Atualmente, no mercado à vista, a commodity é negociada na faixa de US$ 2 mil por tonelada, segundo Lohbauer. No futuro, em Nova York, os preços chegam a US$ 2,6 mil, maior nível em quatro anos.
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de suco de laranja. Produz até 1,4 milhão de toneladas por ano, das quais 98% são destinadas ao mercado externo. O país responde por 85% das exportações e até 60% do consumo global da commodity.
Veículo: Valor Econômico