Promoção ''leve dois, pague um'' feita pela marca no fim de semana esbarrou em estoques bem abaixo da demanda; para conter as queixas dos consumidores, varejistas chegaram a distribuir Coca-Cola
Pode ser Pepsi? "Não", foi a resposta que consumidores receberam neste fim de semana ao tentar aproveitar uma promoção que prometia refrigerantes da marca em dobro. Programado para suprir a demanda do sábado e do domingo, o estoque - que permitiria que clientes levassem para casa até 24 unidades pagando apenas metade - durou apenas algumas horas em várias cidades onde ocorreu a oferta. Varejistas foram obrigados a improvisar e chegaram a substituir o refrigerante por Coca-Cola para acalmar consumidores que se sentiram lesados.
O Grupo Pão de Açúcar publicou anúncios na TV e em jornais de grande circulação pedindo desculpas diante da repercussão negativa do episódio. De acordo com Wilson Barquilla, diretor comercial do grupo, foi um caso de "subdimensionamento da demanda". Para ele, a Ambev - responsável pelo engarrafamento e distribuição das bebidas Pepsi no País - subestimou o efeito cascata que uma promoção "leve dois, pague um" costuma ter.
A rede - dona das bandeiras Extra, Pão de Açúcar, Assai e Atacadão - disse que reservou 150 carretas de Pepsi para os dois dias de promoção, o equivalente a um mês inteiro de vendas. Na última quarta-feira, com a promoção ganhando fôlego devido ao interesse dos consumidores, o grupo solicitou outras 60 carretas, segundo o executivo. A Ambev, porém, só conseguiu entregar mais 20. O resultado: falta do produto em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, conforme a rede.
No sábado, diante da falta de produtos, Barquilla negociou uma solução de emergência com a fabricante de bebidas: passou a atrelar a promoção a qualquer refrigerante da Ambev. Assim, guaraná e sodas também entraram na oferta da qual originalmente não fariam parte. Mesmo assim, em alguns casos, a demanda ainda superou a oferta. Por isso, em algumas lojas, o Grupo Pão de Açúcar chegou a garantir a promoção substituindo Pepsi por sua principal rival, a Coca-Cola.
"Houve problemas generalizados. Por isso, colocamos anúncio no jornal pedindo desculpas. O cliente não sabe que o problema foi com a Ambev", diz ele.
A Ambev, por sua vez, adotou o discurso do "copo meio cheio" em sua página no Facebook. A fabricante diz, na rede social, que houve problemas em "alguns locais". "A operação de produção e logística foi dimensionada para atender à forte demanda que esperávamos para o período e colocou nas lojas, para venda nesses dois dias, o volume superior a um mês de vendas regulares. Ainda assim, vários pontos de venda esgotaram os seus estoques em poucas horas", divulgou a Ambev, em nota oficial.
Preço. Desde o início do ano, conforme a Nielsen, as vendas de refrigerantes em todo o país caíram 1,2% em volume. A queda ocorreu por causa do aumento de preço dos produtos, provocado pela alta do açúcar e da carga tributária, com a alta do IPI, ocorrida em abril. Com a retração nas vendas, os estoques acabaram se acumulando. Uma vez que a validade dos refrigerantes não passa de seis meses, as promoções se tornam uma saída.
Veículo: O Estado de S.Paulo