Venda de mate cresce e atrai investimentos

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Rei do Mate vai lançar garrafa pet de 1,5 litro em São Paulo nas versões natural, limão e limão diet

 

Enquanto o consumo de refrigerantes desacelera no país, o mate conquista mais consumidores. Em 2010 houve alta de 8% nas vendas e a expectativa da indústria é que neste ano cresçam 11%. Já os refrigerantes, que registraram queda de 12% no segundo trimestre, em relação ao primeiro, tem projeção de crescimento de 4,5% nas vendas deste ano. Esse movimento tem levado fabricantes de bebidas, como PepsiCo e Coca-Cola, e varejistas, como a Rei do Mate, a investir na bebida.

 

A diretora de marketing da PepsiCo Bebidas, Luciana Fortuna, diz que o consumidor está buscando produtos saudáveis. Por isso a empresa lançou em abril o Lipton Mate, distribuído pela Ambev no Brasil, e que vai competir com o líder de mercado Mate Leão, que pertence à Coca-Cola.

 

A Rei do Mate investiu R$ 2 milhões em uma fábrica em São Paulo e já produz copos de 350 ml e garrafas de 500 ml. A rede vai lançar a garrafa pet de 1,5 litro no próximo verão, no mercado paulista. "São Paulo é diferente do Rio. Para vender ao público no supermercado é preciso ter uma embalagem família", diz Antonio Carlos Nasrani, diretor comercial da rede Rei do Mate e filho do fundador.

 

Nasrani se refere ao hábito do carioca de consumir mate em várias embalagens diferentes, como copo, lata ou garrafas de 500 ml. O mercado carioca é o maior do Brasil: 75% do mate consumido no país é vendido no Estado, segundo Luciana Fortuna. "O hábito de tomar mate gelado na praia desde criança, criou no carioca o desejo de consumir produtos a vida inteira. É um mercado já consolidado".

 

O diretor de chás da Coca-Cola Brasil, Renato Fukuhara, diz que, no Rio, 65% de tudo que se toma gelado, tirando refrigerante, é mate. Ice tea representa 27% e chá verde apenas 4%. Já em São Paulo, as três categorias têm praticamente o mesmo peso.

 

O mate é uma tradição das praias cariocas desde os anos 60. O produto, até hoje, é vendido em botijões. Os vendedores fazem o produto em casa, a partir da erva-mate e o misturam com gelo. Ao lado, carregam outro botijão com limonada. Os produtos são vendidos separadamente ou misturados.

 

A venda do mate gelado no Rio tomou impulso com o surgimento das embalagens industrializadas, como o copo de 350 ml. As cariocas, desde adolescentes até mulheres de trinta e poucos anos, desenvolveram o hábito de beber o produto. Muitas acreditam que o mate ajuda a combater estrias e o apelo de "bebida saudável" é forte. A Farm, marca de moda feminina que contratou uma empresa de pesquisa para definir o perfil do seu público, informou que moças jovens, universitárias ou no início da vida profissional, da classe média para cima, moradoras da zona sul e adjacências, preferem o mate.

 

Mesmo com este grande consumo no Rio, a penetração do produto varia entre 35% e 40%, enquanto no mercado de refrigerantes a penetração é praticamente de 100%, segundo a diretora da Pepsico. "É um produto que é muito consumido pelas classes A e B. Mas, com o aumento da renda da classe C, a tendência de crescimento é gigante", prevê a executiva da PepsiCo.

 

A Lipton, que foi a primeira a lançar o chá preto gelado conhecido com Ice Tea, entrou no mercado de mate com três embalagens diferentes: latinha de 350 ml, garrafa de 550 ml e pet de 1,5 l. "Nossa diferença é que lançamos um produto sem conservantes ou corantes artificiais, com o sabor do mate natural", diz Luciana, que tem a parceria com a Ambev.

 

Nasrani, diretor do Rei do Mate, diz que é impossível reproduzir o sabor natural do produto na linha engarrafada. "O objetivo é que o consumidor fiel possa levar nosso produto para casa, mas ele é um pouco diferente do natural". As lojas não vão vender as garrafas. "Não queremos canibalizar a franquia, muito menos competir por preço". Segundo Nasrani, o sabor do mate nas lojas é diferente do engarrafado. "Lá o processo é todo natural e também há mais de 100 combinações para consumo. No supermercado teremos as versões natural, diet, limão e limão diet". As garrafas pet chegam aos supermercados de São Paulo no verão. Ainda não há data prevista para o mercado carioca ou o restante do Brasil.

 

Apesar de ter nascido em uma pequena loja em São Paulo, há 60 anos, na Avenida São João com a Ipiranga, é no Rio de Janeiro que as lojas Rei do Mate vendem mais, 20% acima do restante do Brasil. "O clima no Rio ajuda muito a vender o produto". Mas o diretor da rede explica que no resto do Brasil há um consumo maior do chá quente e também de vários tipos de cafés. Atualmente o Rei do Mate abre entre 25 e 30 lojas no país por ano e espera crescer 27% em 2011, de R$ 110 milhões para R$ 140 milhões. Ao todo, são 300 lojas.

 

O primeiro mate engarrafado do país e líder nacional de vendas, o Mate Leão, hoje nas mãos da Coca-Cola, mira agora o Nordeste e também o Norte do país. "O consumo frio é paixão dos cariocas. No sul, eles tomam mate quente, a granel ou em saquinhos, muitas vezes misturado com leite", diz Fukuhara.

 

"Estamos aproveitando a estrutura de distribuição da Coca-Cola para chegar a regiões mais distantes", afirma Fukuhara.

 

Veículo: Valor Econômico


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