Encontro reúne 33 marcas de Minas, Rio, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná.
Trabalhar o consumo consciente, incentivar a certificação e prospectar mercado para um produto de qualidade e genuinamente brasileiro: a cachaça. Esse é o objetivo do encontro "Pequenas Doses e Grandes Oportunidades", que será realizado hoje, na sede do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas (Sebrae Nacional), em Brasília.
O evento é promovido pelo Sebrae, com apoio do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac). Entre o público-alvo estão lideranças do setor, formadores de opinião, acadêmicos, produtores, parlamentares e membros da Câmara Setorial da Cachaça e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
As atividades terão início com o "Encontro de Negócios", no qual serão apresentadas aos representantes de hotéis, restaurantes, bares e supermercados da capital federal 33 marcas de pequenos alambiques de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. São marcas apoiadas pelo Sebrae, já certificadas ou em vias de obter o reconhecimento do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), a certificação orgânica ou a Indicação Geográfica (IG), concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). A cachaça de Paraty (RJ) já possui IG.
No encontro, será utilizada a metodologia Comércio Brasil, projeto desenvolvido pelo Sebrae e que conta com a figura do agente de mercado para aproximar ofertante e comprador. Em seguida, acontece a palestra magna sobre tendências e perspectivas de mercado para a cachaça, a ser ministrada pelo presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cachaça, Vicente Bastos.
O evento será encerrado com a degustação da bebida com petiscos harmonizados. Entre as marcas que participam do encontro, três integram o ranking das 20 principais do país, eleitas neste ano pela revista Playboy. Uma das três, a Vale Verde, produzida em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), ganhou o primeiro lugar. Foram mais de 100 marcas avaliadas. A eleição é feita a cada dois anos.
O setor produtivo da cachaça desempenha importante papel na economia nacional. Segundo dados do Ibrac, há mais de 40 mil produtores da bebida no país. Destes, 99% são donos de negócios de micro e pequeno porte. Diante dessa representatividade dos pequenos negócios, o Sebrae desenvolve projetos voltados ao setor em 11 estados. Um dos focos é o acesso a mercados e o apoio à certificação por meio do programa Bônus Certificação, que subsidia até 50% dos custos desse processo para micro e pequenas empresas do setor, inseridas em Arranjos Produtivos Locais (APL) ou em ações coletivas desenvolvidas por suas unidades estaduais.
"Essa é a primeira vez que o Sebrae realiza um evento para promover principalmente a certificação da cachaça, com a presença de formadores de opinião. Esse processo contribui para que se firme no mercado nacional e internacional a cachaça de qualidade", afirma a coordenadora da Carteira da Cachaça no Sebrae, Sylvia Cassimiro.
IPI - O Ibrac tem realizado campanha para incentivar os produtores de cachaça a se registrarem no Mapa, a seguirem a legislação vigente e as normas de boas práticas de fabricação, e possuírem selo de Imposto de Produto Industrializado (IPI) afixado na garrafa. "O setor, juntamente com o Sebrae, tem atuado para que a cachaça seja apreciada, com moderação, como bebida fina, a exemplo do vinho e do whisky. O consumo de uma cachaça que não possui os registros nos órgãos competentes pode ser prejudicial à saúde", alerta o presidente do Ibrac, Cesar Rosa.
Daniela Vilaça é dona das marcas Prosa e Viola e Terra de Minas, produzidas na Fazenda Alvorada, em Morro da Garça, na região Central de Minas Gerais. Ela faz parte do grupo de produtores do Estado que trará suas marcas a Brasília. As bebidas apresentam cores e características exclusivas, resultado da diferença dos anos de envelhecimento e condições de produção. Sua fabricação artesanal é de cerca de 40 mil litros por ano. "Estou com grandes expectativas em relação ao evento. uma boa oportunidade para entrar no mercado de Brasília e fazer novos contatos", destaca.
O alambique de Daniela existe desde 2004. Em 2007, suas duas marcas foram as primeiras do Estado a adquirirem a Certificação de Qualidade do Inmetro. Para alcançar esse estágio, ela lembra que contou com o apoio do Sebrae. "Antes da certificação, tínhamos dificuldade de provar ao cliente a qualidade do produto. A conquista deu mais credibilidade às recentes marcas no mercado", destaca. A empresa negocia a exportação dos seus produtos aos Estados Unidos. (ASN)
Veículo: Diário do Comércio - MG