FecomercioSP debate o problemático mercado de vinho no Brasil

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Encontro explicitou a desunião no setor e a falta de investimentos em propaganda para ampliar o mercado consumidor

 

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) realizou, na manhã de hoje (24), o 2° debate sobre o Vinho no Brasil. O encontro contou com a participação de produtores e importadores de grande e pequeno porte, associações de sommeliers e aficionados pela bebida, e revelou que harmonia, mesmo, só na mesa, porque o setor está todo desunido.

As salvaguardas do governo, que visam aumentar a tributação sobre o produto importado para "proteger" o nacional são o foco do desentendimento e concentraram a maior parte dos debates. Segundo Didú Russo, fundador da Confraria dos Sommeliers e coordenador do Comitê do Vinho da FecomercioSP, com a medida, "o governo está tratando o importador como se ele não fosse brasileiro e não estivesse gerando emprego". Por outro lado, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), que é formado majoritariamente pelo grandes produtores nacionais, defende a medida. "Não haverá diminuição da diversidade de vinhos com a implementação das salvaguarda e portanto, não haverá uma redução do número de empregos", garante Carlos Raimundo Paviani, diretor-executivo da Ibravin.

O debate também contou com duas apresentações sobre o custo de produzir vinho no Brasil e o peso da carga tributária no setor. Leorcir Bottega, diretor do Ibravin, afirma que, em média, 44,3% do preço da garrafa nacional se deve aos tributos e destacou que o maior vilão é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que muda de um estado para o outro, podendo chegar até a 25% sobre o preço da garrafa. "Os custos administrativos e tributários elevam o preço de um vinho "premium" que tenha custo de produção de R$ 5,43, para R$ 10,10", exemplifica Bottega.

Já Orlando Rodrigues, sócio-diretor da Premium Importação, Exportação e Comércio, reconhece que os tributos são um complicador, mas pondera que não há como alterar o Custo Brasil e, portanto, o setor deveria se concentrar em suas outras duas fraquezas: "temos falta de escala na produção e quase nenhuma divulgação." "Hoje, o consumo per capita de vinho no Brasil é de menos de dois litros, mas se conseguíssemos que cada família de quatro pessoas tomassem uma garrafa por semana, saltaríamos para nove litros", destaca. O posicionamento é corroborado por Luiz Toledo, sócio-diretor da Toledo Propaganda. "O consumidor deveria ser o foco das ações. Afinal, se o setor não se posicionar, o mercado posicionará o setor", alerta.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Fecomercio SP/Portal Abras


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