Coca-Cola vai investir para preservar o crescimento

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O presidente da Coca-Cola Brasil, Xiemar Zarazúa, está confiante de que em 2009, apesar das dificuldades que prenunciam um ano mais desafiador para a companhia, conseguirá manter o ciclo de crescimento da unidade de negócios brasileira, que está sob seu comando desde outubro de 2008. "Todos os segmentos em que atuamos têm ainda muito potencial". Zarazúa, que anuncia hoje os resultados da Coca-Cola Brasil em 2008, aposta também nos "bons fundamentos econômicos e estabilidade nas regras" no país, que, segundo considera, "tem boa munição para minimizar os efeitos da crise, com os instrumentos de que dispõe". 

 

Zarazúa, que iniciou sua carreira na companhia em 1984, já ocupou diferentes cargos executivos nas áreas operacionais, geriu os negócios na América Central e Caribe, foi vice-presidente da divisão mexicana e está à frente da unidade brasileira desde outubro de 2008. A divisão de negócios no Brasil, aberta em 1942, é hoje a terceira maior da Coca-Cola no mundo. Em respostas enviadas por e-mail, Zarazúa antecipou ao Valor suas perspectivas de negócios para 2009. Veja a seguir os principais trechos. 

 

Valor: Dados preliminares da Associação Brasileira de Refrigerantes e Bebidas não alcoólicas indicam que o setor parece não ter sido afetado pela crise econômica, com a obtenção de resultados positivos em 2008. Os resultados da Coca-Cola Brasil vão nessa mesma direção? 
Xiemar Zarazúa: Estamos crescendo há 18 trimestres consecutivos, até o terceiro trimestre de 2008, que já foi divulgado. Esse crescimento é fruto de estratégias vitoriosas para capturar as oportunidades de mercado. Claro que estamos inseridos na realidade do mundo e do Brasil e deveremos esperar algum impacto se a crise se aprofundar. Mas, permanecemos confiantes em nossa estratégia e no nosso plano de forte investimento para 2009, voltado para continuar crescendo de forma sustentável. 

 

Valor: Houve alguma estratégia específica para impulsionar determinados produtos/mercados? 
Zarazúa: Nos últimos anos, temos tido uma forte ampliação do nosso portfólio de embalagens e de produtos, seja por meio de lançamentos ou aquisições. Estamos oferecendo mais opções de escolha para todos os consumidores, para diferentes ocasiões. Também continuamos ampliando o portfólio de bebidas, participando dos segmentos/categorias relevantes, como com fizemos com a aquisição da Leão Jr. 

 

Valor: O mercado brasileiro foi bastante beneficiado, nos últimos anos, pelo aumento de renda das classes C e D. Como isso influi no desempenho da Coca-Cola?
Zarazúa: Nossas vendas são diretamente beneficiadas pela distribuição de renda. A elasticidade de nossa demanda está concentrada justamente nas classes C e D. Temos uma estratégia para esse público há bastante tempo. No começo desta década, por exemplo, trouxemos de volta ao mercado as embalagens retornáveis, que tornam nossos produtos mais acessíveis. Há um grupo de trabalho pesquisando hábitos e tendências deste consumidor. Trabalhando juntos com outras empresas e com diferentes níveis de governo, podemos ajudar a melhorar o padrão de vida e de consumo da classes C e D. E não vemos caminho de volta. 

 

Valor: Como a crise está afetando o comportamento do consumidor em relação aos produtos Coca-Cola? Já é possível identificar reflexos da retração do emprego, principalmente nas regiões Sudeste e Sul do país? 
Zarazúa: Ainda não identificamos isso. Sabemos que, em termos gerais, 2009 será um ano mais desafiador para nosso sistema, mas realmente acreditamos que podemos manter o ciclo de crescimento. Todos os segmentos em que atuamos têm ainda muito potencial. O consumo per capita de bebidas não-alcoólicas ainda é baixo no Brasil. Outros países como Chile, Argentina ou México, têm níveis de duas a cinco vezes maior que o Brasil, dependendo do segmento. Acreditamos que, com continuidade e renovação das estratégias corretas conseguiremos crescer em 2009. Além disso, o Brasil, um país com bons fundamentos econômicos e estabilidade nas regras, tem boa munição para minimizar os efeitos da crise, como os instrumentos de que dispõe. 

 

Valor: De que forma a atual conjuntura impacta os planos de investimento da Coca-Cola Brasil? 
Zarazúa: Sabemos que 2009 deverá ser um ano mais difícil, mas estamos nos preparando para minimizar ao máximo um possível impacto na nossa operação. Revimos nossos orçamentos para aumentar ainda mais a eficiência dos nossos custos e, assim, incrementar nossos investimentos no mercado. Como sempre acontece, a crise passará, e temos de estar preparados para atender o crescimento do mercado na retomada. 

 

Valor: O plano de montar uma fábrica para produzir garrafas de PET reciclado continua em pé? 
Zarazúa: A Coca-Cola Brasil está finalizando os estudos do modelo para implantarmos o chamado "bottle-to-bottle", ou seja, usarmos resina reciclada na produção de embalagens novas. Trabalhamos muito para aprovar esta proposta no Mercosul e no Brasil e estamos comprometidos com ela, que é totalmente alinhada com a nossa plataforma de sustentabilidade Viva Positivamente. Em breve poderemos anunciar que modelo adotaremos no Brasil. 

 

Valor: No mundo, a tendência é a fatia de refrigerantes cair e a de sucos e bebidas sem gás aumentar. Como o senhor vê esse movimento no Brasil? 
Zarazúa: As novas categorias são ainda relativamente pequenas em comparação com a de refrigerantes. Assim, é natural que, ao crescerem, tenham uma participação percentualmente maior no bolo total. Mas, a performance da Coca-Cola Brasil mostra que ainda temos muitas oportunidades até mesmo em refrigerantes. O volume de vendas em litros da Coca-Cola Brasil cresceu cerca de 50% entre 2003 e 2007. Nos últimos anos, avançamos muito também na área de sucos, chás florais e chás pretos. 

 

Veículo: Valor Econômico


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