Em meio à crise global, a Coca-Cola vai apostar mais no Brasil em 2009, após obter o maior faturamento já apurado no país no ano passado, de R$ 15 bilhões, 25% superior ao de 2007. A multinacional planeja investir 16,6% a mais neste ano, o equivalente a R$ 1,75 bilhão, valor recorde para o Brasil.
Terceiro maior mercado consumidor da multinacional, atrás dos Estados Unidos e do México, o Brasil é visto como um país ainda a ser explorado, pois tem média de consumo per capita de refrigerante considerada baixa. "A aposta no Brasil é muito grande", disse o novo presidente da Coca-Cola no Brasil, o mexicano Xiemar Zarazúa.
A expectativa é de que o volume de vendas, cujo crescimento foi de 7% em 2008, continue no mesmo ritmo de expansão neste ano. "Nossa confiança no Brasil é muito alta e estamos investindo pensando no longo prazo", afirmou Zarazúa. Os recursos, segundo ele, virão do caixa nacional. "Não precisamos ter muito financiamento externo", disse.
Entre os investimentos programados para este ano estão a nova fábrica de refrigerantes em Maceió e outra do Mate Leão em Fazenda Rio Grande (PR). A Coca-Cola também vai investir na entrada de quatro novas linhas de produção em fábricas no Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo e Pernambuco.
Apesar da crise, o executivo espera aumento no consumo de refrigerantes e das vendas no Brasil em 2008. Argumenta que o crescimento econômico nacional, ainda que desacelere, será superior à média do crescimento mundial. A estratégia de expansão vai dar foco ao consumidor da classe C, faixa da população que mais cresceu nos últimos anos. "A maioria dos nossos planos está focada na classe C com o objetivo de aumentar as vendas. É a nossa aposta e nos preparamos para ficarmos perto deles", disse o presidente da multinacional no Brasil.
Em 2008, a taxa de crescimento das vendas no Brasil foi mais baixa em relação à média da América Latina, de 8%, mas superou o desempenho das vendas no mundo, cuja alta chegou a 5%. No quarto trimestre, após o agravamento da crise financeira no mundo, as vendas brasileiras subiram 7%, enquanto as vendas totais no mundo aumentaram 4%. "O Brasil talvez passe a ser o segundo maior mercado mundial em dois, três ou quatro anos", afirmou o executivo.
A força do consumo nacional para a empresa foi evidenciada no caso da Coca Zero. Refrigerante lançado há um ano e meio, atualmente detém 5% do consumo de refrigerantes no Brasil, país que mais comprou o produto em dezembro. "Foi o maior lançamento dos últimos dez anos", disse o diretor de marketing da Coca-Cola, Ricardo Fort.
Ao contrário de boa parte das empresas, a Coca-Cola pretende contratar funcionários em 2009. "Fazemos parte de uma indústria altamente intensiva em mão-de-obra. É impossível crescer um negócio sem gerar emprego, ainda que busquemos aumentar a eficiência", disse Zarazúa. Há 67 anos no país, a Coca-Cola emprega 38 mil funcionários diretos e tem 16 fabricantes regionais, além das fábricas da JV Mais (empresa de bebidas sem gás) e do Mate Leão.
Veículo: Valor Econômico