As vendas do comércio varejista continuaram apresentando crescimento em maio, com destaque para regiões do norte brasileiro que tiveram o melhor desempenho no acumulado do ano. O sinal ainda é de se comemorar, afinal as vendas do comércio varejista restrito cresceram 6,2% em maio deste ano, em relação a igual mês de 2010. No ano, até maio, as vendas do setor acumularam altas de 7,4% e, em 12 meses, de 9,2%. As principais altas no volume de vendas foram no Tocantins (26%); Acre (19%); Paraíba (15,3%); Maranhão (10,0%) e Minas Gerais (9,6%).
O segmento de móveis e eletrodomésticos teve expansão de 1,3% em maio ante o mês anterior e de 20,4% em relação a igual mês de 2010. Vale lembrar que a comparação refere-se ao ano passado, em que o setor comemorava recorde de vendas e não havia, como hoje em dia, restrições ao crédito impostas pelo governo federal, que desde o começo do ano vem com o Banco Central analisando medidas para conter a inflação no País.
Apesar de a comemoração do desempenho no primeiro semestre, a perspectiva ainda é de cautela, com o ritmo de desaceleração para o restante do ano ainda ditando as regras na opinião de alguns economistas especializados no comércio varejista. Esta é a análise do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, para quem o avanço de 0,6% das vendas em maio ante abril "não é nada extraordinário", está dentro do previsto. "No geral, o destaque continua sendo o setor de móveis e eletrodomésticos", destacou. "Isso tem a ver com a renda do trabalhador, mas tanto o emprego quanto a renda, apesar de não cederem, também não devem apresentar crescimento significativo no ano. Com isso, o consumo tende a desacelerar em relação ao ano anterior".
Segundo o IBGE
Os números sobre o desempenho das vendas vem de uma pesquisa sobre o setor realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em análise acerca desse levantamento, o economista-chefe do Banco Fator José Francisco de Lima Gonçalves acredita que o crescimento das vendas no restante do ano será mais consistente nos setores que dependem menos do crédito, como supermercados e hipermercados. Quando se pega o varejo ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, os efeitos das medidas restritivas e de política monetária devem aparecer mais "niti damente". Apesar dessa análise, o varejo ampliado apresentou crescimento de 1% em maio ante abril e de 12,8% em relação ao mesmo mês de 2010.
"A gente não sente os efeitos das medidas macroprudenciais [conjunto de ações do governo federal para a restrição do consumo]", afirmou o analista econômico do IBGE, Nilo Lopes de Macedo. No acumulado do ano e dos últimos 12 meses, o setor viu taxas de crescimento de 9,2% e 10,5%. "Acho que a tônica para o restante do ano é de desaceleração, especialmente nos segmentos que dependem mais fortemente da renda e do crédito. Como o Banco Central vem dizendo, o consumo é um dos elementos de preocupação para os preços, mas boa parte desse consumo também é atendido pelas importações, o que atenua um pouco o efeito sobre a inflação", diz o economista-chefe do Banco Fator.
Um termômetro de como se comportaram as vendas neste começo de ano pode ser analisado por meio das vendas de veículos trazidos por importadoras no Brasil, que cresceram 113,1% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), foram emplacadas 90.343 unidades nos seis primeiros meses deste ano, contra 42.387 no mesmo período de 2010.
Com esse resultado, a participação dos importados das empresas filiadas à Abeiva no mercado total ficou em 5,5%. Os veículos nacionais somaram 76,3% do total de unidades vendidas de janeiro a junho, enquanto os importados trazidos pelas montadoras instaladas no Brasil representaram 18,1% do total.
Considerando junho, as vendas de veículos das empresas somaram 19.130 unidades, volume 0,5% inferior ao de maio, mas 147,2% superior ao de junho de 2010. Eles representaram 6,7% do total de veículos comercializados no mês passado, enquanto os veículos nacionais responderam por 75,9% e os importados trazidos pelas montadoras brasileiras, 17,3%.
O vice-presidente da entidade, Paulo Sergio Kakinoff, fez uma nova projeção para este ano. Segundo o executivo, "a previsão inicial de 165 mil unidades para 2011 já foi revista. Agora, projetamos 185 mil unidades, na medida em que, historicamente, o segundo semestre sempre é melhor do que o primeiro", argumentou.
Veículo: DCI