Data comemorativa tão ou mais importante do que o Natal para indústrias de alimentos que têm em seu portfólio a presença forte de produtos à base de milho, coco e amendoim, as Festas Juninas este ano devem ter vendas até 27% maiores do que em 2011. É o que projetam Zaeli, Hikari, Santa Helena, Nestlé e Yoki. Enquanto isso, Ambev e Schincariol travam verdadeira guerra pelo patrocínio de festejos nordestinos.

A paranaense Zaeli Alimentos calcula vendas 17% maiores no mês de maio, devido à antecipação das compras do varejo para as festividades. Em junho e julho as vendas devem ser 30% maiores do que nos meses normais. Segundo o diretor-comercial da empresa, Paulo Geovanelli, uma convenção de lançamento de campanha bem-sucedida explica a alta. "Os colaboradores saíram tão motivados, que na semana subsequente ao evento, vendemos 100% a mais do que numa semana normal", conta.

Como produtos novos para a data, a empresa traz farofa nordestina, queijo ralado fiapo, coco em flocos e mistura para bolo formigueiro. A pipoca de panela e de micro-ondas, canjica, fubá, bolos e achocolatados são o carro-chefe para as festividades. "O volume de venda maior é da pipoca americana [de panela], mas a cada ano a de micro-ondas cresce com a emergência da classe C", diz Geovanelli.

Segundo ele, a empresa já trabalha com três turnos nas linhas de fabricação de alguns produtos juninos, quando o normal é um turno para os produtos em geral e dois para os de maior giro (arroz, feijão, farinha, pipoca). "O parque fabril não é problema, mas tivemos uma dificuldade com fornecedor: a nossa fonte produtora de pipoca americana teve uma quebra de 40%, gerando atraso na entrega", conta.

A empresa prevê investimento de ao menos R$ 1,5 milhão ao mês, de maio a julho, em marketing. O aporte inclui propaganda televisiva e material e ações no ponto de venda.

A paulista Hikari projeta alta de 27% nas vendas para o período junino, em relação a 2011. A s vendas do período, puxadas pelos chás, canjicas, amendoins, bolos, condimentos e pipocas, representam 30% do faturamento anual da empresa. "Para esse período destinamos 3% do nosso faturamento a ações de marketing, que contemplam campanhas de endomarketing a ações voltadas para o trade", diz o gerente de Marketing Luiz Fernando.

A também paulista Santa Helena, que tem nas vendas juninas 28% do seu faturamento anual, projeta para 2012 crescimento de 20% das vendas para o período. "Atualmente, os consumidores estão resgatando produtos com apelos artesanais e tradicionais. Os doces de amendoim caseiros, como paçoca e pé-de-moleque, são exemplos", diz o gerente de produto João Lise.

A Nestlé não divulga projeções de venda, mas reforçará para este ano a linha Moça Docinhos, com o lançamento da edição limitada do sabor Prestígio. Utilizados na elaboração de doces típicos, a linha Moça, o creme de leite e os chocolates e achocolatados puxam as vendas da empresa no período.

Este ano, a companhia suíça desenvolve ações específicas para a Região Nordeste. O destaque, segundo a assessoria da empresa, é o lançamento da promoção São João de Casa Nova, que irá sortear casas para os consumidores. Também foi desenvolvido um hotsite específico para as festas.

A Yoki, adquirida na última semana pela norte-americana General Mills, traz como lançamentos para o período PopCorn cobertura groselha e cobertura chocolate, além do sorvete de milho verde. A empresa não informou suas projeções de crescimento para as Festas Juninas de 2012 até o fechamento da edição.

Cervejas

A Schincariol, adquirida no ano passado pela japonesa Kirin, projeta vendas de 15% a 20% maiores nas Festas Juninas em 2011. As vendas da empresa em junho e julho chegam a ser 10% maiores do que em maio. Como estratégia de marketing, a cervejaria lançará um filme para televisão, veiculado com foco no Nordeste, e uma lata alusiva com visual de cordel.

Além disso, terá patrocínio de festas em municípios no interior de Pernambuco e da Bahia, como Arcoverde, Timbauba (PE), Senhor do Bonfim e São Gonçalo (BA). "Todos os anos existe disputa [com a Ambev] por algumas festas, esse ano não foi diferente", afirma o gerente de produto da Nova Schin, Luciano Andrade.

Sobre a briga pelo mercado nordestino, o executivo diz que ainda não sente o impacto da ação do Grupo Petrópolis na região. "Eles já anunciaram que vão entrar lá, mas ainda não sentimos qual será o peso com que eles vão atuar na região", diz. "Agora, com relação à Ambev, é uma briga boa, porque eles aumentaram bastante o volume de investimento na região, mas temos conseguido muito bons resultados, mesmo com investimento menor, graças à força da nossa marca", afirma.

Procurada, a Ambev não informou suas ações de marketing para as Festas Juninas até o fechamento desta edição. Já a Petrópolis informou, através de sua assessoria, que não fará nenhuma ação específica para estas Festas.


Veículo: DCI