Adriana Peres
SÃO PAULO - O crédito para empresas deve reduzir-se a menos da metade no próximo ano, segundo pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) realizada com 33 instituições financeiras. O estudo aponta de que em dezembro de 2009, o crédito à pessoa jurídica deve crescer 20,5% ante os 43,6% acumulados de novembro de 2007 até novembro deste ano, de acordo com o relatório do Banco Central divulgado ontem. Segundo o Banco Central, as operações com pessoas jurídicas apresentaram expansão de 3% no mês resultante de incrementos mensais de 2,5% nos empréstimos contratados com recursos internos e de 5,1% nos financiamentos lastreados em recursos externos, com saldos respectivos de R$ 379,2 bilhões e de R$ 92,7 bilhões, totalizando R$ 472 bilhões.
Em 2007, os empréstimos contratados com recursos internos para empresas somaram R$ 274,7 bilhões, e nos financiamentos lastreados em recursos externos, R$ 68,5 bilhões. Segundo Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febrabran, o crédito a empresas vai crescer mesmo que seja com menos intensidade, já que as empresas encontram dificuldades de captação no exterior devido à falta de liquidez e a demanda no mercado interno aumenta.
Já o crédito para pessoa física deve crescer 17,86% em dezembro de 2009. No acumulado de 12 meses, os créditos contratados com pessoas físicas cresceram 25%, e no mês de novembro 0,1%, alcançando R$ 391,5 bilhões, ante os R$ 317,5 bilhões até novembro de 2007.
De acordo com o relatório do Banco Central, a expansão do volume das operações de crédito do sistema financeiro foi mantida devido às medidas destinadas à preservação da liquidez do mercado doméstico, que compensaram, em parte, os efeitos decorrentes da crise internacional. Em 12 meses, o saldo total de empréstimos atingiu R$ 1,209 bilhões, observando alta de 2% no mês e de 32,8% em doze meses. Esse volume correspondeu a 40,3% do PIB, comparativamente a 39,6% em outubro último e a 33,6% em novembro de 2007, quando somou R$ 936 milhões.
Para Sardenberg, a projeção da Febraban é que 2009, a carteira de crédito total termine dezembro de 2009 em 18,19%. Segundo ele, a taxa de inadimplência deve aumentar no próximo ano devido ao desemprego mais intenso, com a menor atividade econômica. Segundo estimativa da Febraban, a taxa de inadimplência em 2009 deve chegar a 4,88% semelhante ao patamar de 2007, quando atingiu 4,71%. Este ano, a taxa de inadimplência está em 4,41%. "Acredito que o desemprego aconteça em setores particulares", afirma.
Os empréstimos concedidos com recursos livres totalizaram R$ 863,4 bilhões, registrando crescimentos de 1,7% no mês e de 34,5% em relação a novembro de 2007, quando somou R$ 641,7 bilhões. Já o saldo das operações de crédito com recursos direcionados totalizou R$ 346 bilhões, assinalando expansão de 3% no mês e de 28,6% no período de doze meses. A variação mensal resultou, basicamente, da expansão de 4,2% nos financiamentos realizados pelo BNDES, cujo saldo atingiu R$ 202,6 bilhões, ante R$ 156,3 bilhões em novembro de 2007.
Juros
O relatório do Banco Central aponta que a taxa de juros cobrada pelos bancos continua em alta. Em novembro de 2008, a taxa do cheque especial atingiu 162% contra 128,4% em 2007. No crédito pessoal a taxa chegou em novembro deste ano a 45% ante 35,2% em 2007. Já a taxa para descontos de duplicatas subiu de 20,7% em novembro de 2007 para 32,7% em novembro deste ano. No mesmo período, a taxa para desconto de promissórias subiu de 27,6% para 47,1% .
Segundo Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac) o aumento pelo sétimo mês consecutivo da taxa de juros cobrada pelos bancos não foi surpresa, mas a tendência é que em janeiro a taxa comece a diminuir devido a redução da taxa Selic para impulsionar o crédito. "As operações de crédito vão crescer com menos intensidade entre 15% e 20% no próximo ano", avalia.
Veículo: DCI