Déficit da balança da indústria sobe para US$ 16 bi no trimestre

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O déficit da indústria de transformação se aprofundou no primeiro trimestre. O resultado negativo foi de US$ 16,3 bilhões no período, US$ 3 bilhões maior que o déficit dos primeiros três meses de 2012. A importação, com elevação de 3% no período, contribuiu para o resultado, mas a falta de reação da indústria brasileira com as exportações foi mais determinante. No mesmo período, houve queda de 5% nos embarques da indústria de transformação. Os dados foram calculados pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que classifica a exportação da indústria de manufaturados segundo o nível de intensidade tecnológica.

De acordo com o estudo, com exceção dos manufaturados de baixa intensidade tecnológica, houve queda de exportação em todos os demais grupos (ver quadro ao lado). A preocupação maior está nos grupos de média-alta tecnologia e de média-baixa tecnologia, que somaram, juntos, US$ 16,4 bilhões em exportações no primeiro trimestre. O valor representa metade do valor total embarcado pela indústria de transformação no mesmo período.

Os dois grupos incluem setores como máquinas e equipamentos, veículos, produtos químicos, borracha e produtos plásticos. A última vez que esses dois grupos completaram o primeiro trimestre do ano com queda no valor exportado foi em 2009. "Naquele ano havia uma explicação conjuntural, com os efeitos da crise financeira. A queda da exportação agora, porém, reflete muito mais a perda de competitividade da indústria brasileira", diz Julio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário de política econômica.

Rogério César de Souza, economista do Iedi, diz que a desaceleração da economia internacional também tem sua contribuição no desempenho da economia brasileira. Mesmo assim, diz ele, a dificuldade de reação da indústria na exportação está muito relacionada aos custos sistêmicos do país. O desempenho da exportação mostra que o problema da competitividade vai muito além do câmbio, argumenta Souza, independentemente do debate em torno do nível de valorização ainda mantido pela moeda nacional. "Os números mostram que as empresas precisam se renovar para competir e é preciso ter mudanças estruturais que gerem redução de custos com efeitos por prazos mais longos."

Almeida diz que a falta de competitividade da indústria brasileira também ficou clara antes, em 2010 e 2011. Naquele período, porém, isso afetou a balança da indústria de transformação de forma diversa. Com a explosão de consumo no mercado interno, o saldo comercial foi pressionado pela elevação das importações. "No início, o problema causou a perda de mercado interno pela indústria brasileira. Agora não há mais o frenesi da importação em razão do baixo dinamismo da economia interna, mas a baixa competitividade está afetando a indústria no mercado internacional", diz Almeida.

Mesmo na indústria de baixa intensidade tecnológica, que conseguiu elevar a exportação no primeiro trimestre, ante o mesmo período de 2012, diz Almeida, não há muitas esperanças. "Esse grupo teve elevação porque a base de comparação é muito baixa." No primeiro trimestre de 2012, lembra, esse grupo teve queda de 0,5% na exportação diante do mesmo período do ano anterior.

Dentro desse grupo, Almeida chama a atenção para o grupo de têxteis, couro e calçados, que teve alta de 2,8% na exportação do trimestre. "É possível que as medidas do governo tenham ajudado", diz ele. Mesmo com a alta, porém, o setor tem um longo caminho para a recuperação. Os segmentos exportaram de janeiro a março valor 23% menor que o do mesmo período de 2008.



Veículo: Valor Econômico


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