Setor de serviços terá pesquisa

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Foco em teles, transportes, alojamento e alimentação.

O IBGE lança em agosto a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) que tenta trazer mais luz sobre um dos mais heterogêneos setores da economia brasileira. Hoje, estima-se que tenha cerca de 1 milhão de empresas. A pesquisa mensal abrangerá setores como o de telecomunicações, transportes, alojamento e alimentação. Juntos, esses serviços corresponderão a 36,5% do valor adicionado, metade das Contas Nacionais, e a 34,6% das ocupações. Ficam de fora serviços de saúde, educação, administração pública, intermediação financeira e aluguel.

O setor é investigado desde janeiro de 2011 pelo IBGE. A pesquisa analisará a receita bruta de empresas e salários a preços correntes. A primeira divulgação está marcada para 21 de agosto. A série com o ajuste típico de cada época do ano (ajuste sazonal) deverá começar a ser divulgada apenas a partir do primeiro trimestre de 2015.

Segundo Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE, a incorporação da PMS nas Contas Nacionais, a partir de dezembro deste ano (data da divulgação do PIB do terceiro trimestre), deve gerar revisões trimestrais do PIB de 2012 e de 2013. O PIB costuma sofrer revisões em razão da entrada de dados anuais consolidados (que não sofrem mais revisões). Neste ano, isso não aconteceria por causa de uma revisão metodológica, mas a nova pesquisa sobre o setor de serviços deverá manter a tradição. Deverão ser revistos os quatro trimestres de 2012 e os três de 2013.

O professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo considera a pesquisa positiva, já que, segundo ele, a forma atual de cálculo do setor no PIB é "muito precária". Belluzzo cita como exemplo de imprecisão o caso dos serviços de intermediação financeira, que são calculados por meio dos spreads bancários (custo de captação do dinheiro pelos bancos e o valor pelo qual é emprestado).

"Como os spreads caíram, houve uma queda nos serviços financeiros, o que contradiz toda a lógica. Medir o PIB não é trivial, é um agregado muito complexo, mas sabemos que existe uma imprecisão muito grande nos serviços. Há indícios que o setor de serviços está se expandindo, mas se mede isso por estimativa ou por resíduo".

O mesmo questionamento foi feito, em 2012, pelo ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes. Na época, ele criticou o fato de o PIB do terceiro trimestre de 2012 ter registrado alta de apenas 0,3% sobre o trimestre anterior (dado revisado) e defendeu que a alta fora subestimada pelo setor financeiro.

Para a economista Monica de Bolle, da Galanto Consultoria, a pesquisa fornecerá termômetro mais apurado do que está acontecendo na economia, sobretudo, sobre no mercado de trabalho.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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