O clima da 20ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que acontece de 25 a 27 de fevereiro, em Camaquã, é de apreensão e expectativa por parte dos arrozeiros, em especial dos mais de 1,5 mil que tiveram perdas severas em função das chuvas intensas do final do ano. Conforme levantamento da Federarroz, a quebra deve chegar a 1 milhão de toneladas, o que representa 12% da safra, com prejuízos financeiros que ultrapassam os R$ 600 milhões. No total, no Estado devem ser colhidas 6,5 milhões de toneladas.
O setor encaminhou uma série de reivindicações a Brasília, solicitando a liberação de R$ 250 milhões só para os produtores de arroz. Muitas regiões não têm condições de fazer novo replantio, já que a época para tal se encerrou em 20 de dezembro. Cerca de um terço do arroz gaúcho foi plantado fora de época e terá produtividade comprometida. Com o replantio, os custos aumentaram de R$ 32,00 por saca produzida, para R$ 39,00.
As demandas dos produtores incluem ainda o rebate das parcelas de investimentos que vencem em 2010 e 2011. No caso de produtores com perdas de até 50%, o bônus será proporcional à área perdida e os que tiverem perdas acima de 50% rebatem 90% das parcelas. “Ainda aguardamos manifestação do governo federal sobre nossas demandas e não adianta sinalizar com prorrogação”, disse o presidente da Federarroz, Renato Rocha.
As perdas com as chuvas inviabilizaram a atividade de muitos produtores. O dirigente destaca a situação de um agricultor de Cachoeira do Sul, que dos 700 hectares plantados, teve quebra de 600, replantou, gastou suas reservas e voltou a ter prejuízo com as chuvas. “No caso deste produtor, o rombo chega a R$ 2 milhões.Ele precisou demitir funcionários e perdeu um volume de arroz suficiente para alimentar 60 mil pessoas.”
Não bastassem os problemas com as chuvas, os preços do arroz, que vinham numa tendência de alta, cotados a R$ 34,00 a saca de 50 quilos, começaram a esboçar queda, para R$ 32,00. No que diz respeito às exportações, Rocha acredita que mesmo com a redução na produção, se mantenha o volume de 800 mil toneladas embarcadas. “Precisamos honrar com nossos compromissos, com mercados importantes como África, Ásia e Europa”, disse Rocha. Entre março e dezembro de 2009, foram importadas 730 mil toneladas de arroz da Argentina e do Uruguai.
Sobre a abertura da colheita, Rocha destaca não se tratar de um momento de festa, mas sim de discussões sobre saídas para melhorar a situação dos arrozeiros no Estado. “Além de tecnologia, vamos debater desoneração da cadeia do arroz para alavancar exportações e políticas agrícolas para o setor”.
Veículo: Jornal do Comércio - RS