A indústria de brinquedos faturou R$ 4,5 bilhões em 2009, com crescimento de quase 8% em relação a 2008. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), o resultado superou a expansão da indústria mundial, de 2,6%.
"O Brasil passou a ter maior importância no contexto mundial. Na América Latina somos o último país que fabrica brinquedos: nos demais, a indústria está se enfraquecendo muito", diz o presidente da Abrinq, Synésio Batista. Apesar de ainda pequena - menos de 4% em 2009 - a participação brasileira no mercado mundial de brinquedos vem crescendo.
Parte do avanço no Brasil vem da aposta nas classes de menor renda. E, para lidar com a competição das importações chinesas, a indústria focou em brinquedos baratos, mas com um pouco mais de valor agregado. Em 2009, os lançamentos de produtos que vão até R$ 10 representaram 16,3% do total de brinquedos lançados no ano, fatia menor do que os 18,5% verificados em 2008 nessa mesma classe de produtos. Já nos produtos que vão de R$ 21 a R$ 30, os lançamentos de 2009 representaram 20,3%, enquanto em 2008, 17,1%. A fatia dos brinquedos mais caros, acima dos R$ 100, saiu dos 8,8% em 2008, para 9,6% no ano passado. "A alternativa funcionou", diz Batista.
Os resultados positivos geraram aumento nas contratações. Em 2008, o setor contava com 16,4 mil funcionários, que avançaram para 21,9 mil no ano passado, quando surgiram 4 novas fábricas no país.
Foram destaque de crescimento de vendas em 2009 as bonecas e bonecos, com alta de 17,8%, além dos brinquedos de plástico, cujas vendas aumentaram em 31,4%. Por outro lado, houve uma redução nos lançamentos de novos brinquedos, que totalizaram 1,002 mil no ano passado, frente aos 1,245 mil no ano anterior.
Para este ano, no entanto, a tendência, segundo o presidente da Abrinq, é mais lançamentos e avanços tecnológicos. Estão previstos 1,2 mil novos brinquedos, que custarão ao setor R$ 100 milhões em investimentos. Além disso, mais R$ 50 milhões serão investidos em aumento de produtividade, melhorias nas linhas de produção e implantação de novas máquinas. Em 2009, foram investidos R$ 112 milhões na indústria.
A associação prevê um crescimento de 30 milhões de unidades produzidas no país em 2010, aumento de escala que colaborará para a redução de custos, gerando uma queda real de preços em torno de 3%, até o Dia das Crianças. O resultado de tudo isso será um faturamento estimado de R$ 5 bilhões na indústria de brinquedos em 2010, avanço de mais de 10% frente a 2009.
Quase metade das vendas (45%), no entanto, vem de produtos importados da China. Mas os fabricantes nacionais, que já veem comprando brinquedos chineses, vão reagir. "Vamos tomar deles um pedaço do mercado, que deve chegar a uns dez pontos percentuais", prevê Batista. A China, diz ele, enfrenta aumento nos preços das matérias-primas, nos custos da mão-de-obra e nos custos da adequação às normas internacionais. A padronização de normas para fabricar brinquedos será tema discutido pelo setor nesta semana, durante a feira nacional do setor, que deve receber cerca de 25 mil visitantes.
Veículo: Valor Econômico