Fim dos estoques com IPI reduzido e correção das tabelas derrubaram vendas do setor.
O fim dos estoques de produtos da linha branca (fogões, geladeiras, máquinas de lavar e tanquinhos), beneficiados pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), e o retorno dos preços normais já provocaram queda de até 20% nas vendas do setor, segundo empresas do Estado. A desoneração começou em abril de 2009 e deveria terminar em 31 de outubro do mesmo ano, mas foi prorrogada até 31 de janeiro de 2010. Porém, como possuíam grande volume de mercadorias nos depósitos, muitas lojas mantiveram os descontos após essa data.
De acordo com o diretor de Linha Branca e Portáteis da rede mineira Ricardo Eletro, Rodolfo de França Ribeiro Júnior, o benefício fiscal incrementou os negócios até o início do ano. Depois, eles recuaram devido ao aumento no preço provocado pelo fim dos estoques. A comercialização de geladeiras, por exemplo, caiu 15%, a de fogões diminuiu 8% e a de máquinas de lavar registrou queda de 20%.
"Com o fim do IPI reduzido, o mercado de linha branca deu uma parada. Para os próximos meses, a empresa irá negociar com a indústria preços melhores e fazer promoções para atrair o cliente. Além disso, a Ricardo Eletro prevê melhores resultados com a venda de TVs destinadas à Copa de 2010", afirmou.
Segundo ele, a rede já registrou aumento de 62% das vendas de TVs de LCD no primeiro quadrimestre na comparação com igual intervalo de 2009. E a expectativa é que as vendas cresçam ainda mais nos próximos dias, fechando o período com alta de 72% em relação ao exercício passado.
Na rede da também mineira Eletrozema Ltda, do grupo Zema, com sede em Araxá, no Alto Paranaíba, foi registrada queda de 20% nas vendas dos produtos da linha branca. Segundo o gerente-geral, Juliano Antônio Oliveira, o estoque formado durante a redução do IPI durou até o início de maio, quando os preços voltaram ao normal. "Com o fim da desoneração fiscal para o segmento, houve uma migração para a compra de produtos da linha marrom (aparelhos de TV, som e eletroeletrônicos)", afirmou.
Conforme ele, para elevar a comercialização de fogões, geladeiras, máquinas de lavar e tanquinhos, a empresa aposta no financiamento a longo prazo. "Cerca de 70% das vendas são parceladas e o cliente tem a opção de usar o crediário próprio. O objetivo é atrair o consumidor com parcelamento em até 24 vezes. Além disso, também estamos focando na linha marrom, que tende a ganhar fôlego com a chegada da Copa", explicou.
As vendas de produtos da linha branca na Suggar Eletrodomésticos, localizada no distrito Olhos D’água, em Belo Horizonte, também foram prejudicadas pelo fim do benefício fiscal. Segundo o presidente da empresa, José Lúcio Costa, a queda foi de 5%, mas não irá prejudicar a boa performance prevista para o decorrer do ano. Para ele, a redução do IPI para o segmento deve servir como uma lição para o governo federal.
"O cenário de crise mostrou que a cobrança excessiva de impostos é fator de restrição ao crescimento das empresas nacionais e, conseqüentemente, do país. preciso que o governo repense e organize essas cobranças, de forma a torná-las mais coerentes e condizentes com o crescimento que todos querem para o Brasil", afirmou.
Veículo: Diário do Comércio - MG