Total de importadores cresce 15% e compras ficam mais frequentes

Leia em 3min 20s

Câmbio favorável e mercado interno aquecido alimentam novos negócios

 

Quando iniciou suas operações, em 2006, a Hidrodomi, uma fabricante de cloro do interior paulista, fazia compras esporádicas de insumos químicos no exterior. Dois anos depois a empresa passou a importar matéria-prima trimestralmente. O mercado interno aquecido fez aumentar a demanda por cloro da clientela formada por indústrias e estações de tratamento de água. Do ano passado para cá, a Hidrodomi dobrou seu volume de produção. Como resultado, diz Fernando Possetti, diretor-financeiro da empresa, a importação de insumos passou de trimestral em 2009 para mensal em 2010.

 

Isso fez a empresa rever sua estratégia de compra de insumos. No início do ano, a fabricante de cloro conseguiu uma habilitação que lhe permite importar sem limitação de valor. A habilitação que a empresa tinha anteriormente estabelecia um teto para os valores comprados do exterior.

 

A Hidrodomi não é um caso isolado. Empresas que antes importavam esporadicamente e agora desembarcam mercadorias originadas do exterior com maior frequência estão engrossando o número de importadores. De janeiro a abril deste ano, 26,47 mil empresas fizeram algum tipo de importação - alta de 15% sobre os 23,02 mil do mesmo período de 2009 e também acima dos 22,54 mil de 2008.

 

O crescimento do número de empresas não ocorre somente nas faixas de maior valor de importação, formada por empresas que já importavam e passaram a trazer valores ou volumes maiores do exterior. O número de empresas também aumenta nas faixas dos pequenos importadores. A quantidade de firmas que compram até US$ 10 mil, por exemplo, cresceu 12,65% nos primeiros quatro meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2009 .

 

Para Welber Barral, secretário de Comércio Exterior, o aumento dos importadores é resultado de uma taxa de câmbio favorável e um mercado interno aquecido. "Os pequenos exportadores que compravam a cada três meses e passaram a comprar mensalmente, por exemplo, muitas vezes usavam tradings e agora estão fazendo a operação diretamente, entrando como novos importadores."

 

O aumento da disponibilidade de renda, acredita Barral, tem dado um fôlego especial para a entrada de bens de consumo. "À medida em que há aumento da classe média, cresce a demanda por produtos diferenciados. Há marcas mundiais chegando ao Brasil pela primeira vez. Estão surgindo novos importadores e quem já importava está ampliando o mix de produtos."

 

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) corroboram a análise ao mostrar a evolução da quantidade de empresas que desembarcaram produtos como vinho e confecções. De janeiro a maio de 2005, 150 empresas importaram vinho. No mesmo período do ano passado, foram 191 importadores. Em 2010, o número saltou para 233. O valor importado por empresa pulou de US$ 180,5 mil em 2005 para US$ 299,9 mil em 2010.

 

As confecções também tiveram evolução que salta aos olhos. De janeiro a maio de 2005, 907 empresas trouxeram confecções do exterior. No ano passado foram 1.490 importadores. Neste ano, 1.684. O valor médio de importação de confecções saltou de US$ 125,5 mil por empresa em 2005 para US$ 305,2 mil em 2010.

 

O fenômeno, porém, diz Barral, não se limita à compra de bens de consumo. O aumento da demanda interna traz elevação da competição, lembra o secretário, o que tem feito as empresas procurarem fornecedores de insumos no exterior. "Cerca de 50% das importações brasileiras são de insumos industriais. Num mercado mais competitivo, é preciso reduzir custo de produção e uma forma de fazê-lo é diminuir o custo dos insumos via importação."

 

A compra de bens de capital, também pode ter gerado aumento do número de importadores. Esses desembarques também estão sendo impulsionados por preços baixos e mercado interno em crescimento maior que o internacional.
 


Veículo: Valor Econômico


Veja também

Hypermarcas oferta R$ 500 milhões em debêntures

Com R$ 1,1 bilhão em caixa, a Hypermarcas fará uma emissão pública de debêntures de R$...

Veja mais
Nova loja para classes de menor renda pode vir de aquisição

Assim como o varejo alimentar, as redes de vestuário perceberam que não faz sentido ficar restrito a um &u...

Veja mais
Casa e moda jovem no alvo da Renner

Depois das lojas compactas, rede estuda voltar a vender artigos de cama, mesa, banho e decoração   ...

Veja mais
Hypermarcas lançará 500 mil debêntures

O conselho de administração da Hypermarcas aprovou a terceira emissão de debêntures simples, ...

Veja mais
Arroz e feijão seguram valor da produção

O Valor Bruto da Produção (VBP) das 20 principais lavouras do Brasil em 2010 será de R$ 160,5 bilh&...

Veja mais
Mercado futuro de açúcar é arma da Cosan contra perdas

A Cosan, maior empresa sucroalcooleira do mundo, lidera uma tendência no setor: aumentar o volume de aç&uac...

Veja mais
Distribuidores veem estoques de TV "zerar"

O consumidor aproveitou a Copa e as promoções para zerar nossos estoques de televisores", contou, entusias...

Veja mais
Dia dos Namorados eleva em 14% vendas de shoppings de SP

A procura por presentes de última hora para o Dia dos Namorados foi grande e elevou em aproximadamente 14% as ven...

Veja mais
Embalagens: Setor quer reajustar preços

Os fabricantes de embalagens de papelão ondulado querem aproveitar a demanda aquecida para tentar emplacar aument...

Veja mais