Desde o início do Mundial, os jogadores excluídos já somam 560 inserções em comerciais, com tempo equivalente a quase três partidas de futebol
Sob os protestos da torcida, Neymar, Paulo Henrique Ganso e Ronaldinho Gaúcho foram excluídos da lista de Dunga. Mas não da escalação feita por anunciantes e agências de publicidade que queriam vincular seus produtos à Copa do Mundo. Em alguns casos, o contrato com os jogadores excluídos foi feito antes da convocação, numa jogada de sorte. Em outros, a intenção foi justamente aproveitar esse fato, como aconteceu com os "meninos da Vila".
Só com a peça publicitária da Telefônica, a dupla Neymar e Ganso ficará no ar durante o mundial por tempo equivalente a sete partidas de 90 minutos. "Tudo tem seu lado bom", diz o meio-campista do Santos sobre o comercial em que atua ao lado de Neymar fazendo piada por não terem sido escalados. No filme, os dois chegam atrasados para assistir ao jogo da seleção na TV digital da Telefônica e não conseguem lugar "nem no banco". A dupla já tinha feito sucesso antes da Copa num comercial da Seara, dançando uma música da cantora Beyoncé. O vídeo foi visto mais de 2 milhões de vezes no YouTube.
A agência responsável pela campanha da Telefônica, que entrou no ar no dia 11 de junho, foi a DM9DDB. A ideia de colocar a dupla no comercial veio naturalmente. "O timing foi perfeito. Tínhamos de vender um produto muito legal para quem não foi à Copa. E nos perguntamos: quem não foi à Copa?", contou o diretor de criação André Pedroso.
Na época, só se falava na seleção e na exclusão de Neymar e Ganso. A resposta estava dada. "É apenas humor para vender um produto de forma diferenciada", diz Pedroso. Segundo ele, as vendas de Speedy e TV Digital tiveram acréscimo de 14% nos primeiros dias da campanha.
O filme foi gravado em Santos, num intervalo de três horas - único tempo disponível na agenda dos jogadores. Uma das cenas não foi ao ar e acabou sendo usada numa nova ação da Telefônica lançada ontem nas redes sociais. No meio da gravação, Ganso inventou de fazer embaixadinhas sentado no sofá. Agora, quem conseguir fazer o mesmo e enviar o vídeo para o site da empresa concorre a uma TV.
A mesma agência foi responsável pelo comercial da Honda com Ronaldinho Gaúcho. O filme, em que ele aparece como motoboy fazendo malabarismo com a bola, foi gravado na Itália, um dia antes de Dunga divulgar a lista dos jogadores. "A intenção era associar a marca ao Ronaldinho, uma figura querida e simpática, mesmo sabendo que ele poderia não estar na Copa", disse Rodrigo Almeida, diretor de criação. A escolha de um ícone do futebol está relacionada com uma campanha da Honda CG de 1976, quando a moto estava sendo lançada no País e teve Pelé como garoto-propaganda.
Descartado da lista de Dunga e da torcida há mais tempo, Ronaldo Nazário se beneficiou de seu histórico nos mundiais para fechar contrato de um ano com a Claro. Um dia antes da convocação, o "fenômeno" estreou na rede social Twitter, substituindo o perfil oficial da empresa. Na TV, os filmes vendem um novo plano, em que cada cliente "pode escolher a sua seleção" de serviços. "Nos últimos 16 anos, ele é o grande representante do Brasil nas Copas", justificou Fernando Musa, diretor geral da Ogilvy & Mather.
Incluindo Ronaldo, os quatro jogadores tiveram 560 inserções em comerciais de TV desde o início do mundial - de 30 em 30 segundos, o tempo equivale a quase três partidas de futebol, segundo a empresa de pesquisa Controle da Concorrência. Os valores pagos aos jogadores não foram divulgados pelas empresas. "Mas eu estou rindo à toa", disse Ganso sobre o cachê.
Veículo: O Estado de S.Paulo