Produtores de manga buscam a Global Gap

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Investimentos em frutas diferenciadas dentro do Projeto Jaíba aumentam o poder de barganha.

 

O produtor rural Darcy Glória saiu de Belo Horizonte para Jaíba, no Norte de Minas, no início da década de 1990, para abrir um posto de gasolina. Em 2001, mudou de ramo: adquiriu um lote, fez um empréstimo no banco e plantou banana, limão e manga. Com o tempo, desistiu da banana e passou a dedicar-se à produção qualificada de manga e limão. Atual presidente da Associação de Produtores de Limão do Jaíba (Aslim), Darcy é dono de uma plantação de mais de 50 hectares, na qual produz, anualmente, 870 toneladas de limão e aproximadamente 600 toneladas de manga.

 

Darcy é um dos 20 fruticultores de Jaíba que recorreram ao Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas) com o objetivo de certificar suas frutas para conquistar novos mercados, inclusive estrangeiros. Para ele, uma das mais importantes certificações é a Global Gap, que estabelece normas voluntárias a produtos agrícolas em todo o mundo e permite a exportação para a União Europeia.

 

"Além da oportunidade de venda a países da Europa, o produtor também passa a ter controle de rastreabilidade e a adotar boas práticas agrícolas", afirmou o técnico do Sebrae na região, Jadilson Borges, que acompanha o projeto "Manga madura para consumo", iniciado em julho de 2009 para fortalecer a competitividade das empresas na cadeia produtiva da fruta.

 

Após análises mercadológicas feitas por uma empresa de consultoria internacional, definiu-se o foco na manga palmer madura para consumo, como produto de maior lucratividade para o fruticultor. O projeto está em sua primeira fase, que é o de adaptação das propriedades para obterem o selo de qualidade internacional Global Gap.

 

Critérios - São vários os requisitos para a certificação: instalação de depósitos de adubo e banheiros a cada 500 metros; coleta seletiva de lixo e envio para local adaptado; sinalização do uso de defensivo agrícola; placas de sinalização com a descrição da variedade da manga palmer, a localização da fruta na propriedade, a análise da água tanto para consumo humano, como para a irrigação, além de análise de resíduos, treinamentos em segurança no trabalho, entre outros.

 

Para cuidar das exigências, Darcy Glória contratou os serviços de Edivaldo Gomes Dias, que faz o controle das planilhas e da mão de obra para realizar o plantio e a colheita da manga. O projeto incentivou os produtores a investirem em casas de embalagem, conhecidas como Packing Houses. Nesses locais ocorre o processo de limpeza, embalagem e resfriamento das frutas, armazenadas até a chegada dos contêineres refrigerados que, mais tarde, são conduzidos aos aeroportos.

 

O diretor financeiro da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), Jorge de Souza, afirmou que o projeto aumentou a consciência empreendedora dos fruticultores, que mudaram seu olhar a respeito do consumidor final e de seu cliente direto.

 

Uma das premissas aplicadas pelo Sebrae Minas é a compreensão de que, ao garantir o período exato de maturação e a excelente qualidade da fruta, ela cairá no gosto do consumidor, que voltará a consumi-la. Quanto ao cliente direto, verifica-se que investimentos em frutas diferenciadas geram melhores resultados. Com um produto diferenciado, distribuidores podem comprar de menos produtores. E como os distribuidores procuram relações de longo prazo para minimizar riscos, aumenta-se o poder de barganha dos produtores.

 


Seleção - Além da absorção de novos conceitos, aspectos técnicos da cerca para dentro" também são uma preocupação do produtor.  preciso selecionar o momento exato da colheita para que a fruta chegue ao mercado internacional "madura para consumo". O sócio-proprietário da fruticultura de 120 hectares de manga e 40 de abacate, Chiguetoshi Kojima - vindo do interior de São Paulo e radicao há 15 anos em Jaíba - disse que depois do Sebrae, "mudou o conceito de se colher uma fruta boa". Segundo ele, se a manga não é retirada no ponto, o sabor da fruta não é bom. "Uma referência importante para sinalizar a colheita é o aparecimento das flores na mangueira.

 

Atento ao foco do projeto, o técnico Jadilson Borges anuncia o próximo passo: a venda de mangas palmer certificadas pelo Global Gap para os mercados sofisticados. "A meta é fornecer ao mercado de Belo Horizonte e São Paulo 4 mil toneladas até dezembro de 2011 e 6 mil até dezembro de 2012", revelou Borges.

 

No mercado externo, o objetivo é vender, para Holanda, Inglaterra e Portugal, 1,5 mil toneladas até dezembro de 2011 e 5 mil toneladas em até cinco ou seis meses após o florescimento, a manga já está boa para ser colhida dezembro de 2012 via trade. (ASN)

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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