Objetivo é a transparência para o consumidor, que vai usar um produto ecologicamente correto.
As normas para regulamentação de cosméticos orgânicos estão em discussão entre representantes do governo e setor privado. O objetivo é certificar o produto final - cremes, hidratantes, xampus, entre outros -, garantindo transparência para o consumidor, que vai usar um coméstico ecologicamente correto e sustentável.
O agrônomo e doutor em engenharia ambiental João Matos, gerente de uma fornecedora de produtos para a indústria de cosméticos, informOU que empresas e certificadoras estão discutindo estabelecer parâmetros que devem ser seguidos pelas processadoras de cosméticos.
"Para isso, o setor vem debatendo com todos os envolvidos na cadeia produtiva, além de solicitar ao Ministério da Agricultura discussões para maior aprofundamento da questão", afirmou.
O coordenador de Agroecologia do ministério, Rogério Dias, destaca que a produção de matéria-prima para a indústria de cosméticos já tem regulamentação.
Se uma indústria for produzir algo a partir do óleo de copaíba, por exemplo, já tem como certificar se esse óleo é orgânico. "O que a gente precisa agora é da regulamentação da parte do processamento do cosmético, ajuste que está sendo discutido, juntamente com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pelo registro de cosméticos", comentou.
Processo - Para se chegar até um cosmético orgânico, o processo de fabricação deve seguir vários passos, que vão desde a mistura de ingredientes e óleos essenciais orgânicos até a embalagem apropriada. Uma das principais etapas da cadeia produtiva, segundo João Matos, é a preparação da matéria-prima que será utilizada na produção - o grande diferencial.
"Trabalhamos junto com as comunidades para chegar ao resultado que desejamos que é, por exemplo, um açaí plantado, colhido e transportado seguindo os critérios de qualidade orgânica", ressaltou. Para isso, a empresa vem capacitando, ao longo dos últimos cinco anos, 12 comunidades, o que resulta em trabalho para aproximadamente 1,1 mil pequenos agricultores locais.
Açaí, cupuaçu, buriti, copaíba e outros frutos da biodiversidade amazônica são plantados e processados para a extração de óleos essenciais, manteigas e argilas. "Como nós trabalhamos com processamento de matéria-prima para indústria, ficamos mais voltados ao preparo e treinamento da comunidade", afirma o agrônomo João Matos.
Segundo ele, a empresa preocupa-se com a rastreabilidade, o transporte, e, principalmente, com o ponto mais forte para a condução do processo, que é a capacitação. "Investimos a maior parte dos nossos recursos no treinamento dos agricultores paraenses", diz.
Segundo o empresário, na maioria das comunidades extrativistas, a principal precaução que se deve ter, em relação à certificação orgânica, é com o armazenamento e transporte.
"Um dos cuidados que devemos tomar é não permitir o armazenamento próximo a componentes químicos, como por exemplo, óleo diesel". Além disso, com relação ao transporte em embarcações, que muitas vezes percorrem longas distâncias em rios, é importante não permitir que o produto fique próximo a outros que tenham rastros contaminantes. Uma solução para isso são as embalagens utilizadas para armazenamento, que são feitas com materiais específicos para a linha orgânica.
Veículo: Diário do Comércio - MG