O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), maior instituição de pesquisa em cana-de-açúcar do mundo, foi transformado em uma Sociedade Anônima (S/A) em assembleia encerrada ontem na sede da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), em São Paulo (SP). Na prática, o CTC poderá ter lucro com a receita gerada em pesquisas, receber injeção direta de recursos privados e até mesmo ser vendido. Como uma associação civil de direito privado, não visava a ganhos financeiros até ontem.
A entidade, com sede em Piracicaba (SP), terá como maior acionista individual a Copersucar S/A, que criou o CTC em 1969 e o controlou sozinha até 2004, quando abriu a entidade de pesquisa para o todo o setor sucroalcooleiro. À época, a Copersucar era apenas uma cooperativa de usinas, mas, assim como o CTC, criou uma S/A para coordenar as operações.
As usinas ligadas à Copersucar passarão a ser as maiores controladoras do CTC, com cerca de 25% de participação acionária, seguida pelo grupo Cosan, com 20%, ainda o maior controlador individual.
A assembleia definiu ainda a formação de um novo conselho de administração presidido por Luís Roberto Pogetti (Copersucar S/A), e com Pedro Mizutani (Cosan) como vice-presidente. O conselho será formado ainda por Ricardo Brito (Bunge), Vitor Wanderley Júnior (grupo Coruripe), Homero Arruda (São Martinho), Jacyr Oliveira (Tereos), Ismael Perina (Orplana), Ricardo Rezende (representante das Usinas do Paraná), José Carlos Grubisich (ETH) e Bruno Melcher (LDC - SEV Bioenergia).
O conselho de administração ficará no cargo até o final da safra 2012 e fará todo o processo de transição para a Sociedade Anônima. Com a exclusão de alguns ex-associados inadimplentes, o CTC S/A terá 147 sócios entre usinas e fornecedores de cana.
A entidade já chegou a ter 182 associados. Esses sócios manterão o CTC por meio das contribuições, agora transformadas em aportes de capital. Esses aportes certamente serão feitos em 2011, para suprir um orçamento anual de R$ 40 milhões e seguirão até que os recursos captados com a cobrança de royalties e serviços sejam suficientes para manter a empresa de pesquisa.
"Existe um plano gradual para que a cobrança de royalties dos sócios e dos não-sócios, brasileiros ou estrangeiros, seja implantada até que a companhia possa caminhar com as próprias pernas; serviços hoje gratuitos também serão cobrados", disse Nilson Boeta, diretor superintendente do CTC.
Segundo ele, toda a estrutura operacional e o quadro de pesquisadores serão mantidos. Boeta explica que haverá um período de transição de até 90 dias para que toda a estrutura burocrática de transformação em uma S/A seja finalizada. "Calculamos que, em dois anos toda a transição para o CTC S/A esteja finalizada", avaliou.
Caso algum associado deixe o CTC ele pode vender sua fatia pela participação que possua sobre o valor patrimonial da instituição, que é de R$ 33 milhões. No entanto, o valor de mercado do CTC é calculado em mais de R$ 300 milhões, segundo associados.
Veículo: Diário do Comércio - MG