BTG negocia compra da Casa & Video

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O banco BTG Pactual prepara o seu desembarque no varejo de móveis e eletroeletrônicos. Esta semana, deve ser concluída a compra da rede Casa & Video, dona de cerca de 70 lojas no Rio de Janeiro. "O banco está em fase final de negociações", disse ao Valor um interlocutor que acompanha a operação.

 

A rede, que acabou de passar por uma reestruturação e tem dívidas de R$ 300 milhões, faturou R$ 1,5 bilhão em 2010. Mas para o BTG, o controle da varejista sairá por R$ 100 milhões - esse foi o valor negociado para o banco se tornar dono de 70% da empresa. Os demais 30% continuarão com um fundo de investimentos, gerido pelo banco Mellon, que tem o atual presidente da Casa & Video, Fábio Carvalho, como principal acionista (dono de 66% das cotas).

 

Segundo outra fonte ligada à negociação, o BTG exigiu que, dos R$ 100 milhões, R$ 80 milhões sejam usados para capitalizar a empresa. Ou seja, apenas R$ 20 milhões vão para Carvalho e demais sócios. "A Casa & Video não tinha capital de giro para se manter até o fim deste semestre", diz a fonte.

 

Carvalho, por sua vez, pediu para ser mantido na presidência. Advogado de 33 anos, ex-consultor da Alvarez & Marsal, contratada no fim de 2008 para reestruturar a empresa, Carvalho tentava ajustar a operação da varejista para vendê-la. Em entrevista ao Valor no ano passado, o empresário disse que, diferentemente da maioria dos empreendedores do varejo, é "zero barriga no balcão" e não tem interesse em se manter no negócio.

 

Como parte do processo de reestruturação, os ativos da antiga Casa & Video - fundada por Luigi Meloni, preso em 2008 durante a operação "Negócio da China", da Polícia Federal - foram separados dos ativos da Casa & Video Rio de Janeiro, da qual Carvalho se tornou sócio. A antiga Casa & Video entrou em recuperação judicial, mas as dívidas de R$ 300 milhões seriam pagas pela Casa & Video Rio de Janeiro a partir de julho de 2012. Carvalho pagava royalties a Meloni pelo uso da marca, que acabou adquirindo no ano passado.

 

Mas os planos não saíram conforme o planejado. A rede passou seis meses em negociação com a Lojas Americanas, que chegou a enviar em julho à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um comunicado informando seu interesse na Casa & Video. Segundo fontes, a Casa & Video pedia à Americanas R$ 600 milhões pelo negócio. "Mas a empresa foi precipitada em anunciar expansão, como forma de convencer investidores de que sua operação já estava ajustada", diz uma fonte. A Americanas verificou que a rede não tinha capital de giro e se desinteressou. Procurada, a Americanas não se pronunciou até o fechamento da edição.

 

Também procurada pelo Valor, a Casa & Video não quis comentar o assunto e a sua assessoria reiterou apenas declarações de Carvalho já publicadas na mídia, de que a rede poderia ser vendida para a Lojas Americanas ou uma gestora de fundos de private equity.

 

O BTG preferiu não comentar a negociação. Mas tudo indica que a sua aposta no varejo de eletroeletrônicos tem fôlego. Em agosto, o consultor Claudio Galeazzi (famoso pelas reestruturações de empresas como Lojas Americanas e Pão de Açúcar) se tornou sócio do BTG, assim como Roberto Martins de Souza, ex-vice-presidente da Lojas Americanas. Ambos trabalham com Carlos Fonseca na área de "merchant banking", onde estão as operações de varejo. O banco já criou, inclusive, uma outra empresa, a Brazil Pharma, para o setor farmacêutico.

 


Veículo: Valor Econômico


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