Vilão da inflação no passado, preço do chuchu quase dobrou

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Chuva é motivo genérico para alta de verduras e legumes, mas no caso do chuchu o fator é a demanda aquecida

 

Apontado como o vilão da inflação há 34 anos, pelo então ministro da Fazenda Mario Henrique Simonsen, o chuchu voltou a pesar em janeiro deste ano no custo de vida do brasileiro medido por vários indicadores de preço. Na inflação oficial, o IPCA, o preço do chuchu subiu 88,12%. Pelo Índice de Custo de Vida do Dieese, o legume ficou 35,6% mais caro no mês passado, refletindo as elevações de preços no atacado.

 

Na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), o preço do chuchu quase dobrou (91,95%) em apenas um mês e foi um dos principais produtos, ao lado da couve-flor (71,8%), da berinjela (66,10%) e do brócolis (60,8%) que contribuíram para a disparada dos hortifrutigranjeiros.

 

Em janeiro, o índice da Ceagesp que reúne os preços no atacado de frutas, verduras, legumes e pescados, subiu 4,45%. A alta registrada em janeiro foi tão forte que conseguiu reverter a trajetória de queda do indicador acumulado em 12 meses em dezembro (-1,73%) para alta de 2,05% em janeiro.

 

No mês passado, as verduras ficaram, em média, 52,89% mais caras no atacado, seguidas pelos legumes (19,20%) e os pescados (3,05%). O estrago só não foi maior porque os preços das frutas recuaram 2,09%.

 

Especulação. Flávio Godas, economista da Ceagesp, atribuiu a elevação de preços dos legumes e das verduras às fortes chuvas que atingiram as áreas de produção. Mas o caso do chuchu é diferente porque o legume é pouco sensível a chuvas, diz David Ribeiro, gerente-geral da Elo Fruti, atacadista de legumes e verduras da Ceagesp.

 

Ribeiro explica que, normalmente, ocorre o replantio da lavoura em janeiro e fevereiro e, por isso, a oferta diminui. Neste ano, no entanto, o produtores de chuchu perceberam que o mercado consumidor está aquecido, especialmente pelo consumo em grande escala do legume por cozinhas industriais. Por isso, decidiram reduzir o plantio do produto para manter os preços artificialmente elevados e num mesmo patamar.

 

Além disso, quando o produtor se viu pressionado pela elevação de outros custos, como preços de fertilizantes, do óleo diesel e da mão de obra, por exemplo, a estratégia dos agricultores foi a de "forçar os preços de venda", afirma Ribeiro.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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