Sara Lee quer ser a 2ª em café no mundo

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O presidente-executivo da Sara Lee, Jan Bennink, afirma que a empresa, dona de marcas de café como Senseo e Douwe Egberts, pretende tornar-se a segunda maior do mundo em vendas do produto, o que significa superar a rival Kraft Foods.

 

A empresa pode buscar a expansão por meio de aquisições, segundo Bennink. Ele assumiu o cargo em janeiro, depois de a Sara Lee, de Downers Grove, em Illinois, ter revelado planos para separar as divisões de café e carne.

 

"Podemos ser a maior? Não. A número dois? Sim", afirmou Bennink, recusando-se a dar prazos. "Precisamos dos investimentos certos e da visão certa".

 

Para fazer isso, a Sara Lee precisará mais do que dobrar sua participação no mercado mundial de café, de acordo com a Euromonitor International, empresa que acompanha dados do setor.

 

A Nestlé é a maior vendedora de café do mundo. Bennink, holandês que foi executivo-chefe da Royal Numico, antes da venda da produtora de alimentos para bebês à Danone em 2007, planeja concentrar-se na máquina de cafés expressos Senseo, da Sara Lee, lançada há dez anos.

 

A empresa decidiu separar suas unidades depois de recusar avanços de pretendentes como a Apollo Global Management, JBS e KKR & Co. O executivo disse a investidores ontem que a Sara Lee desmembrará as operações de café e não as de carne, como anunciado no começo do ano. Bennink afirmou ainda que a empresa não manterá o nome Sara Lee após a divisão, ao contrário do divulgado em 28 de janeiro, data de anúncio do plano.

 

Há aquisições "lógicas" para as operações de café da Sara Lee, disse Bennink, sem mencionar alvos específicos. Pelos números de 2 de abril, a Sara Lee tinha US$ 2,13 bilhões em dinheiro ou equivalentes. Entre os possíveis alvos estão a brasileira Café Bom Dia e a suíça Ethical Coffee, ambas de capital fechado, afirmou o analista John Baumgartner, da Telsey Advisory Group, em Nova York. Mike Cummins, porta-voz da Sara Lee, não quis fazer comentários sobre possíveis alvos.

 

Bennink também criou uma equipe de gerentes da Senseo para preparar novos sabores e modelos. Em 2010, a empresa lançou uma versão de preço mais baixo da Senseo, fabricada pela Hamilton Beach Brands, unidade da NACCO Industries. A primeira máquina Senseo havia sido produzida por uma unidade da Royal Philips Electronics.

 

A Nestlé, da Suíça, lidera em vendas de café, com participação de 22% no mercado mundial, de acordo com a Euromonitor. A empresa vende o café instantâneo Nescafé e as cápsulas de café expresso Nespresso, o segmento que mais cresce na Nestlé.

 

Produtores de café como a Sara Lee, Kraft e Starbucks elevaram os preços neste ano para lidar com a alta nos custos do grão de café, que dobraram nos últimos 12 meses, influenciados pelas más condições climáticas em países produtores como a Colômbia. A Kraft tem 13% do mercado e a Sara Lee, 5,5%. A Kraft é dona de marcas como a Jacobs e Carte Noire e comercializa a máquina de expressos Tassimo.

 

O café é uma "categoria essencial" para a Kraft, que obtém cerca de US$ 5 bilhões em vendas de café no mundo, afirmou Mike Mitchell, porta-voz da empresa. Segundo ele, a Kraft continuará concorrendo "agressivamente".

 

"Para ganhar essa participação de mercado, a Sara Lee precisa tirá-la da Nestlé ou da Kraft, e não acho que será a fatia da Nestlé", disse Baumgartner. "É possível, mas seria uma tarefa hercúlea".

 

Tim Ramey, da D.A. Davidson, acredita que a Sara Lee deverá lançar versões da máquina Senseo e das embalagens individuais de café, chamadas de "pods". O analista classifica as ações com recomendação "neutra".

 

Ramey disse que Bennink quer o papel de executivo-chefe nas operações de café e chá após o desmembramento das operações. O atual executivo-chefe da Sara Lee, Marcel Smits, que assumiu o cargo em janeiro em caráter interino, por sete meses, seria outro dos possíveis chefes, de acordo com o analista.

 

Bennink disse que "provavelmente não" comandaria as operações de bebidas como executivo-chefe, mas que estaria envolvido de alguma forma, talvez como diretor. Ele disse que não buscará o cargo de executivo-chefe em outra empresa após a separação. "Estou satisfeito em ter sido [executivo-chefe], mas não faria de novo", disse Bennink, que iniciou a carreira na Procter & Gamble, onde trabalhou com o ex-executivo-chefe A.G. Lafley e o atual, Robert McDonald. "Se alguém me ligar posso dizer não, não importa quão grande seja isso".

 

Veículo: Valor Econômico


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