Natal anima doçarias a elevar pessoal em 50%

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Depois de antecipar em dois meses a produção e venda de panetones e itens de Natal, as doçarias e supermercados aumentaram, em alguns casos, até 50% do contingente para atender a demanda de final de ano. Há pouco mais de 50 dias para a maior data do varejo, a Ofner, com 17 lojas em São Paulo, aumentou em torno de 10% a produção de itens típicos da data, principalmente panetones. A empresa, que concorre com Bauducco, La Rioja e agora Nestlé, que acaba de entrar nesse mercado, espera um final de ano melhor do que 2007, e contratou 50% mais funcionários, pois garante ainda não ter sentido os efeitos da crise externa.

 

Segundo o diretor comercial da marca, Laury Roman, a Ofner produz ao menos 300 toneladas de panetones por ano, quantidade representativa para uma rede de doçarias, pois segundo a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), no total são produzidas mais de 50 mil toneladas por ano de panetones no País, sendo o volume em 2007 10% maior, mesmo expectativa do setor para este ano.

 

A Ofner, que possui uma fábrica no bairro do Socorro, em São Paulo, viu a mão-de-obra aumentar quase 50% para dar conta da produção, assim como na Páscoa. Nas lojas também são contratados alguns funcionários temporários para o final do ano. A fabricação do Natal se mantém até três dias depois da data, já que ainda há um consumo posterior, não só do panetone, mas de itens semelhantes - bolo de reis e de frutas cristalizadas. A marca também vende o produto para outras empresas, vendas que já representam 10% do seu faturamento. O diretor não revela investimentos, mas diz que ainda devem destinar mais recursos para a divulgação e campanhas natalinas.

 

Apesar da crise econômica, a Ofner ainda deve manter seus planos de expansão e afirma ter recursos para continuar a abertura de lojas próprias, recentemente, inaugurou uma loja no bairro de Pinheiros com investimento de R$ 1 milhão. O executivo é realista e admite que a crise deve sim ter algum impacto, mas destaca que já estão acostumados a trabalhar com dificuldades e margens apertadas, já que são constantes, por exemplo, oscilações no preço da farinha, um dos seus ingredientes principais.

 

Além disso, possuem uma postura tradicional e não tem problemas de caixa, com intenção de abrir uma ou duas unidades por ano. Acredita quem tem capacidade para pelo menos dobrar o número de lojas em São Paulo no futuro, para depois partir para outras regiões. Afirma que também tem vantagens competitivas diante de seus concorrentes. "Temos menos lojas que nossos concorrentes, mas são lojas maiores e que chegam a faturar até 10 vezes mais, se compararmos o faturamento por loja", diz Roman.

 

Outra arma é o seu grande mix de produtos, com 300 itens, entre chocolates finos, doces, salgados, panificados e outros. "Queremos que a marca seja lembrada pela qualidade de todos os produtos, competimos com redes de vários segmentos, apesar de não sermos só uma confeitaria, também possuímos um market share de quase 70% nesse mercado, por exemplo", explica. A confeitaria foi fundada pela imigrante húngara, Ana Ofner, em 1952 e ficou sob controle da família até 1970, quando foi vendida a um grupo de empresários que administram o negócio até hoje.

 

Uma de suas concorrentes, a Kopenhagen, rede que já tem cerca de 220 franquias e 34 lojas próprias em todo o Brasil, também afirma que está preparada para o final do ano, aumentou pedidos e a produção para o Natal, que começou no final de setembro, e os produtos já devem chegar nas lojas no final de outubro. De acordo com Renata Vichi, vice-presidente da rede, a expectativa é que as vendas continuem altas no Natal: "Não tivemos nenhum tipo de redução de pedidos por parte dos franqueados no período e esperamos uma alta de 12% nas vendas em relação ao ano passado", afirma.

 

Renata acredita, isso se a crise continuar, que só devem sentir algum impacto no ano que vem e como usam algumas matérias-primas importadas estão aguardando algum repasse dos fornecedores adiante, mas para o Natal a expectativa é que podem até se beneficiar, já que seus produtos são vistos como presentes refinados e que podem substituir outros importados que já estão mais caros no mercado. A data é a mais importante para a rede, além da Páscoa, e chega a representar de 20% a 23% do faturamento anual da companhia. No ano passado, a rede faturou R$ 144 milhões e espera alcançar esse ano R$ 156 milhões.

 

Segundo a vice-presidente, há um grande planejamento para o período, com investimentos em divulgação, além de cobertura na mídia e decoração nos pontos-de-venda, que este ano devem ser ainda maiores, já que a marca também completou 80 anos. A rede também deve continuar com uma meta agressiva de expansão, abrindo uma franquia a cada quinze ou dez dias em todo o Brasil, principalmente, em cidades fora do eixo Rio-São Paulo, que já são mercados quase saturados. A executiva afirma que a procura dos franqueados não diminuiu com a crise e possuem 2 mil interessados. Também destaca, assim como a Ofner, que é tradicional e possui dinheiro em caixa, pagando muitas vezes, fornecedores à vista. Possui uma verba anual de investimento de mais de R$ 11 milhões - para 2009 ainda estão fechando os valores.

 

Os supermercados também estão otimistas para o período e foram um dos que mais anteciparam a venda de produtos típicos e panetones. Na Cooperativa de Consumo (Coop) e no Pão de Açúcar essa é uma das apostas, item que tem crescido na linha de produtos oferecidos. "Ano passado, a venda do produto aumentou 37%", afirmou a gerente responsável pela categoria no Pão de Açúcar, Andrea Sylus. O panetone marca própria da rede começou a ser fabricado em setembro, e há três anos a empresa briga efetivamente com as marcas líderes por mais espaço na mesa do consumidor e em suas prateleiras.

 

Veículo: DCI


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