Com oferta restrita, as cotações tendem a subir.
Os produtores de café arábica do Sul de Minas, responsáveis por cerca de 40% da produção total do Estado, estão segurando as vendas da safra 2010/11 na espera dos preços retornarem, pelo menos, aos patamares da mesma época do período produtivo anterior. A análise é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
A analista de mercado do Cepea, Caroline Ochiuse Lorenzi, afirma que "a retração dos produtores para a negociação só é possível porque a elevada cotação da saca de 60 quilos da safra passada permitiu aos mesmos se capitalizar e apostar na recuperação dos preços".
Segundo a analista, o preço da saca de café arábica atingiu, no ápice da safra 2009/10, cerca de R$ 540, aproximadamente 10% a mais que a cotação atual, que gira em torno de R$ 490 a saca. Para a especialista, a aposta dos produtores da região é certa, uma vez que, com oferta apertada no cenário atual, os preços tendem a subir.
A estratégia, por assim dizer, dos produtores do Sul do Estado já está impactando nos números da cultura para a região. Conforme dados do Cepea, apenas entre 50% e 60% do total estimado de 10,1 milhões de sacas para esta safra foram comercializados até o final de outubro, o que corresponde a 5,5 milhões de sacas.
Na mesma época da safra anterior, 9,5 milhões de sacas ou de 70% a 80% do total daquele período (12,6 milhões de sacas), já haviam sido negociadas pelos produtores, um volume comercializado 72,7% superior ao da produção de 2010/11. Em termos de quantidade global no intervalo, a safra recente perde em 24%.
Embarques - O café é o segundo item mais importante da pauta exportadora do Estado, atrás apenas do minério de ferro. De acordo com informações da Secretaria de Estado de Agricultura, Agropecuária e Abastecimento (Seapa), entre janeiro e outubro, os embarques do grão geraram receita de US$ 4,6 bilhões, 46,8% de crescimento em relação as divisas do mesmo período de 2010.
Em virtude da retração da oferta no mercado mundial, a cotação do produto garantiu a expansão do faturamento com as exportações na comparação entre os dois períodos. O preço médio da tonelada de café este ano atingiu US$ 4,7 mil, o que significa um aumento de 66,5% na comparação com o valor médio do exercício passado. Em idêntico confronto, o volume exportado caiu cerca de 10%.
Conforme as estimativas da Seapa, Minas Gerais, considerando todas as regiões produtoras, deve atingir uma produção de 1,3 milhão de toneladas ao final deste ano, o que, se confirmado, representa uma queda de 12% em relação ao ano passado, devido a bianualidade da cultura. E, o pior, é que a produtividade também caiu, na mesma comparação, 12,1%.
Conab - De acordo com levantamento da safra de café da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção do grão em Minas foi estimada em 21,67 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2011. A produtividade média no Estado atingiu 21,68 sacas do produto por hectare. Em comparação com a safra anterior, a estimativa sinaliza redução da produção cafeeira em 13,82%.
O recuo na produção se deve basicamente à bianualidade negativa da cultura, observada principalmente na Zona da Mata, Centro-Sul e Serra da Mantiqueira. A queda no volume também é reflexo da frustração da produção na safra 2010, em razão das adversidades climáticas ocorridas ao longo da fase produtiva das lavouras.
Veículo: Diário do Comércio - MG