Brasileiro come pouca massa e Selmi decide mudar o foco

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A venda de macarrão passou incólume pelo aumento do poder de compra da classe C nos últimos anos. Entre 2006 e 2010, o consumo de massas no Brasil ficou praticamente estagnado, em 1,2 milhão de toneladas ao ano, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima). Apesar de ser o quinto país mais populoso do mundo, o Brasil é o 17º no ranking de consumo de massas: 6,4 quilo per capita ao ano, contra 28 quilos anuais dos italianos, os líderes mundiais. A culpa é do espelho: o brasileiro associa massas a uma dieta gorda.

A paulista Selmi, terceira maior fabricante de massas do país, depois das cearenses M. Dias Branco e J. Macedo, não quer que o macarrão fique no meio dos seus planos para conquistar mais de R$ 1 bilhão de faturamento em 2014, ano em que pretende avaliar a sua abertura de capital. A meta da empresa, dona das marcas Galo e Renata, é crescer 50% nos próximos três anos. Para isso, acelera a diversificação do portfólio e reinventa o tradicional espaguete com a versão "funcional", rica em fibras e com 10% menos carboidratos.

"A venda da linha Renata Integrale subiu 40% este ano", diz Ricardo Selmi, presidente da empresa e bisneto do fundador, Adolfo. Ao lado da italiana Barilla, a Selmi lidera no país as vendas de massa tipo grano duro, onde está a linha "funcional" Renata Ingrale. Em média, a massa integral, feita de sêmola de trigo duro, custa três vezes o preço da massa comum, à base de ovos. "Aos poucos, o brasileiro vem se acostumando a consumir um produto de maior valor agregado", diz o empresário, que prepara o lançamento da mistura para bolo integral até o fim do ano. A Selmi faturou R$ 700 milhões em 2010 e quer crescer 21% este ano.

A mudança de cardápio não é o único fator responsável pela diversificação do mix. "Existe uma pressão do varejo para reduzir o número de fornecedores, diminuindo assim os seus custos fixos", diz Selmi. "Por isso, temos que aumentar o nosso portfólio, oferecendo produtos de maior valor agregado, que por sua vez também possam diluir os nossos custos", afirma.

Por isso, a fabricante se prepara para chegar ao mercado de achocolatados no ano que vem. Na sequência, estuda a entrada em molhos prontos sofisticados. "No início, vamos ter produção terceirizada e, conforme a demanda, passamos a fabricar internamente, como aconteceu com os biscoitos", diz. A empresa desembarcou nas gôndolas de biscoitos há dois anos e agora reforça sua aposta no segmento com o lançamento das versões wafer, goiabinha e cookie recheado nos próximos meses.

Com duas fábricas, em Sumaré (SP) e Rolândia (PR), a Selmi começou a diversificar o mix em 2005, quando uma reorganização tirou parte da família do controle acionário. O Grupo Belarmino, um dos maiores operadores de ônibus da capital paulista, entrou no negócio e passou a ser o único sócio de Ricardo Selmi. A entrada do novo acionista permitiu à Selmi estampar sua marca em azeite, queijo ralado e café (que continuam terceirizados) e, mais recentemente, em biscoitos. O mix conta com mistura para bolos e bolos prontos.

A despeito da aparente preocupação do brasileiro com a balança, a Selmi dobrou a venda de bolinhos individuais este ano. O motivo: um contrato com o Governo do Estado de São Paulo que incluiu o produto na merenda escolar.


Veículo: Valor Econômico


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