A Mabel anuncia hoje em Aparecida de Goiânia (GO) a venda do grupo para a multinacional americana PepsiCo. O anúncio será feito em coletiva de imprensa, às 16h30, com os principais acionistas da empresa. Embora não confirme valores, pessoas que acompanharam toda a negociação dizem que eles devem ultrapassar R$ 800 milhões. O anúncio foi antecipado ontem pelo portal Valor.
Os últimos detalhes da transação foram acertados na manhã de ontem por representantes das duas empresas. Hoje, participam do evento o presidente da Mabel, José Vicente Veloso Barros, e o presidente da divisão de alimentos da PepsiCo na América do Sul, Central e Caribe, Olivier Weber.
A Mabel é a sétima maior fabricante de biscoitos do país. Com a confirmação do negócio, terá fim uma disputa que envolveu nove companhias interessadas na empresa, entre elas, a Bunge e a Bimbo. Para a PepsiCo, a aquisição é estratégica porque a coloca entre as dez maiores de um mercado que movimentou cerca de R$ 7 bilhões em vendas no ano passado. Até agora, a companhia disputava o segmento timidamente, com alguns produtos terceirizados.
O biscoito é o carro-chefe da Mabel. São produzidos diariamente 1 milhão de pacotes. No entanto, nos últimos anos o grupo apostou na diversificação para atender à emergente classe C, público-alvo da marca. Por conta disso, os salgadinhos têm ganhado importante participação na receita líquida do grupo, que foi de R$ 426,7 milhões em 2010.
A Mabel foi fundada em 1953 por imigrantes italianos. Inaugurou sua primeira fábrica em 1962, em Ribeirão Preto (SP), e o primeiro parque industrial, em Aparecida de Goiânia, em 1975. Depois, vieram as fábricas do Rio de Janeiro (1989); Três Lagoas (MS), em 1998; Itaporanga D'Ajuda (SE), em 2000; e Araquari (SC), em 2004.
O forte crescimento no mercado a partir dos anos 1990 foi similar à carreira política de um dos seus principais acionistas, Sandro Mabel. O político foi eleito deputado estadual em Goiás pelo PMDB em 1990 e federal em 1994, 2002, 2006 e 2010. Mabel, porém, foi voto vencido dentre os acionistas, já que não queria vender a empresa. O fundo de private equity Icatu é outro importante acionista: detém 40% da empresa e, segundo fontes, era o maior interessado na venda.
Tudo indica que a PepsiCo prepara novas aquisições. Em entrevista ao Valor mês passado, a presidente da divisão brasileira de bebidas, Andréa Álvares, confirmou a intenção da empresa em disputar o mercado de sucos prontos.
Veículo: Valor Econômico