Redes médias brasileiras unem forças no varejo

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Bandeiras brasileiras do setor supermercadista encontraram uma brecha para enfrentar a concorrência dos líderes do setor comandados por capital externo (os franceses do Casino, à frente do Grupo Pão de Açúcar, além dos franceses do Carrefour, dos americanos do Walmart e dos chilenos da Cencosud).

Enquanto estes veem a disputa entre os acionistas se acirrar, envolvendo inclusive questões jurídicas, marcas médias, como a paulista Cooperativa de Consumo (Coop), além da carioca Zona Sul e da potiguar Nordestão uniram-se a outras 13 empresas para criar a Rede Brasil de Supermercados (RBSM), cujo presidente é Antônio José Monte, empresário também à frente da Coop.

A RBSM chega já considerada a quarta maior do setor, e se tornou Sociedade Anônima. Desde já os números da empresa impressionam: o faturamento das sócias em 2011 deve atingir R$ 12 bilhões, entre vendas a varejo e por atacado, ante os R$ 10,5 bilhões do ano passado. A empresa conta inclusive com mais de 25 marcas exclusivas (só comercializadas nos supermercados que ela abrange), afirma José Monte.

Em maio deste ano circularam boatos de que a empresa estaria sendo preparada para realizar um IPO (sigla em inglês de oferta inicial de ações). A intenção seria promover a fusão integral dos supermercados, que hoje reúnem companhias espalhadas por 12 estados do País. Monte não confirma esta informação, mas deixa a possibilidade em aberto: "É ainda embrionário dizer que no futuro os sócios passem por um processo de fusão. No curto e médio prazo deveremos fortalecer o posicionamento com os sócios atuais, porém sempre monitorando o mercado para eventuais correções de rota", observa.


União de 16 redes de supermercados avança

 
Enquanto notícias de fusões e aquisições ainda dominam o cenário do setor supermercadista, e geram disputas entre acionistas, redes médias brasileiras que atuam neste campo - várias em posição de destaque no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) - parecem ter encontrado uma brecha para enfrentar a concorrência com os líderes do setor, na maioria comandados por capital externo, como os franceses à frente de Grupo Pão de Açúcar (GPA) e Carrefour, além dos norte-americanos do Walmart. Companhias renomadas como a paulista Cooperativa de Consumo (Coop), a carioca Zona Sul e a potiguar Nordestão, estão envolvidas junto a outras 13 empresas nesta iniciativa. A nova concorrente, que já é a quarta maior player do setor no País, é a Rede Brasil de Supermercados (RBSM), cujo presidente é Antônio José Monte, empresário que também está à frente dos negócios da Coop.

A associação de 16 redes varejistas conta com experiências de empresas de diversas regiões do Brasil, as quais já evoluíram no ano passado para uma Sociedade Anônima (S.A.). Segundo rumores do mercado, é bem possível que o rumo das companhias congregadas na RBSM seja fundirem em definitivo suas operações, para, aí sim, tornarem-se uma única organização. Desde já os números da empresa impressionam: o faturamento das 16 empresas sócias da RBSM em 2010 foi de R$ 10,5 bilhões, entre vendas no varejo e atacado, e também no "atacarejo" - que envolve a comercialização de produtos em escala para o consumidor final.

De acordo com Monte, a projeção para 2011 é que a RBSM atinja R$ 12 bilhões de receita para o varejo e atacarejo, sendo outro R$ 1,5 bilhão no segmento de atacado e distribuição. A empresa conta, inclusive, com mais de 25 marcas exclusivas (que só são comercializadas nos supermercados que a associação abrange). Entre o rol de produtos de marca própria da RBSM há vinhos, azeites, massas, ingredientes de cozinha, produtos de higiene e limpeza etc. Uma das marcas exclusivas da RBSM, por exemplo, são os itens da chamada Turma do Mercado, destinados basicamente ao público infantil.

Além disso, mais de 40 mil funcionários trabalham na empresa. "Partindo-se do princípio de que uma empresa não pode ser especialista em tudo e que sempre há algo a aprender no mercado, a Rede Brasil de Supermercados acaba funcionando para seus sócios como um 'estoque de conhecimento', que ajuda a melhoria dos processos das companhias associadas", explica Monte. "Isto é facilitado pelo fato de as empresas associadas não concorrerem entre si; portanto, há maior liberdade e transparência nas informações. Este é um grande valor que é depositado pelos sócios nos trabalhos da Rede."

IPO

Em maio deste ano circularam pelo mercado fortes boatos de que estaria sendo costurada uma IPO (sigla em inglês de oferta inicial de ações) da RBSM. A intenção seria promover a fusão integral dos supermercados da empresa, que hoje reúne companhias médias de varejo espalhadas por 12 estados do País. Monte não confirma esta informação, mas deixa a possibilidade em aberto: "É muito embrionário dizer que no futuro os sócios passem por um processo de fusão", observa. "As empresas ainda precisam se organizar internamente e entender melhor o processo, verificar se isto faz parte da estratégia de cada uma, para, aí sim, no futuro, terem condições de decidir por uma eventual fusão."

Ele prefere falar dos planos mais imediatos da Rede Brasil: "No curto e médio prazo deveremos fortalecer o posicionamento da RBSM com os sócios atuais, porém sempre monitorando o mercado para eventuais correções de rota no que tange a novos parceiros". O executivo conta que no início da constituição da Rede 14 empresários foram convidados a aderirem à associação. Destes, 13 compraram a ideia, e estes cresceram para as 16 companhias que atualmente estão na empresa. Na maioria são as do início do projeto (que se deu em 2004), agregadas a outras companhias que vieram ao longo dos anos.

Cenário

A eventual transformação da Rede Brasil de Supermercados em uma única grande companhia de varejo viria levar adiante a consolidação deste setor no Brasil - o qual, por sinal, passou por várias turbulências nos últimos anos. O último grande passo na área foi dado pela varejista chilena Cencosud, que já era dona da marca brasileira GBarbosa e anunciou ter adquirido este mês a rede fluminense Prezunic por cerca de R$ 875 milhões.

Com esta operação, consolidou-se - ao menos temporariamente - o seguinte "mapa" do setor supermercadista brasileiro: Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart ainda dominam, de forma geral e nesta ordem, o varejo supermercadista na Região Sudeste do País. Já o Cencosud, com a compra da operação da Prezunic, conseguiu estabelecer uma cabeça-de-ponte no Rio de Janeiro, a segunda maior economia do Brasil. Além disso, através de sua controlada GBarbosa, forte no nordeste, já consegue alguma distância da concorrência que anuncia aos quatro cantos os planos de abertura de várias unidades nos estados nordestinos.

Já o Walmart, cuja operação brasileira tem apresentado destaque inclusive no resultado global da companhia - a qual ainda figura como a maior rede supermercadista o mundo - conseguiu se estabelecer bem no sul do País, região onde apenas a rede local Zaffari consegue lhe fazer sombra. Desta forma, a Rede Brasil de Supermercados seria justamente a força que desequilibraria esta situação, se viesse a surgir como companhia única.

Mesmo em seu estado atual, no qual funciona apenas como um poderoso clube de compras para seus membros e centro administrativo, a RBSM já é uma presença bastante forte em sua área no País. "No momento, a missão da Rede é desenvolver ferramentas, produtos e serviços que venham a fortalecer, gerar valor e ajudar na perpetuação das empresas sócias", adianta Monte. Mas o futuro continua em aberto.


Veículo: DCI


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