Volta às aulas deve reforçar a venda de itens licenciados

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O mercado de produtos licenciados deverá ter crescimento de até 6% das vendas este ano, configurando-se em mais um segmento forte do varejo, principalmente no período de volta às aulas. O setor de licenciamento movimentou cerca de R$ 4,5 bilhões, com royalties de 6 a 14%, no ano passado, e, segundo a Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), o período de venda de materiais escolares é um dos destaques do calendário desse segmento.

Segundo o presidente da entidade, Sebastião Bonfá, o licenciamento no Brasil conta atualmente com cerca de 1.000 empresas licenciadas e 600 licenças disponíveis distribuídas entre 90 agências licenciadoras (das quais 40 são associadas da Abral), que empregam cerca de 1.300 funcionários e que fazem gerar milhares de empregos nas indústrias que produzem os produtos licenciados, embalagens, propaganda, além do pessoal empregado na distribuição, entrega e venda ao consumidor final no varejo.

Os produtos com personagens licenciados, sejam eles personagens de desenho animado ou cantores famosos, entre outros, chegam a custar até 10% mais caros que os materiais convencionais; por outro lado, ajudam a rede varejista a faturar 20% a mais neste período de volta às aulas. O valor encarece devido aos royalties, que variam de 6% a 14%, percentuais estes que dependem da empresa que concede a licença de reprodução de imagem.

Ondamar Ferreira, gerente-geral da loja matriz da rede de varejo Armarinhos Fernando, diz não saber ao certo o quanto os produtos licenciados rendem para a loja, mas afirma que nessa época as vendas podem crescer até 15%. "Nos quinze primeiros dias de janeiro já tivemos um aumento de 9% da venda de produtos escolares em comparação a 2011. A expectativa é que esse índice chegue a 15%." Ainda segundo Ferreira, a porcentagem, se comparada à previsão de crescimento da loja este ano- de 15% a 20% -, mostra que os meses de janeiro e fevereiro podem ser tão bons quanto novembro e dezembro.

O gerente afirma também que a compra de produtos com personagens é impulsionada pelo público infantil. "Quando os pais compram o material sozinhos, eles escolhem os convencionais. Se estiverem acompanhados de seus filhos, a demanda maior será de produtos licenciados, seja com o Batman, seja com Justin Bieber ou outro favorito."

No mesmo caminho de resultados positivos impulsionados pela compra de material escolar está a rede supermercadista Cooperativa de Consumo (Coop), que anunciou ter fechado parcerias para o período de volta às aulas com Tilibra, Faroni, Faber Castell, e Bic, entre outras. A perspectiva é crescer em vendas 12% neste primeiro trimestre do ano, na comparação com dados de igual período de 2011.

Outra empresa do segmento, o Hiper Bompreço, braço de negócios da rede Walmart, também organizou suas vendas em torno do período que antecede o retorno à escola. Em 2012, a rede espera crescimento de 30% das vendas, em relação ao mesmo período do ano passado. A novidade deste ano abrange vários produtos, inclusive os vendidos a R$ 3,00. São 12 itens, entre cola bastão, lapiseira, estojo, canetinhas hidrográficas, réguas e clipes coloridos, disponíveis em embalagens especiais. "Nós não estamos investindo só na lista que a escola pede, também disponibilizamos licenças de marcas que estão na moda, com os personagens que povoam o imaginário de crianças e adolescentes", diz por meio de nota a diretora-comercial do Walmart Brasil, Sandra Haddad.

Já a empresa Semaan, que também vende material escolar, espera atingir os mesmos 10% de crescimento este ano nas vendas de produtos para a atividade educacional, na comparação com 2011. Segundo Marcelo Mouwad, diretor-comercial da loja, seus ganhos com material escolar licenciado são de 100%, porque a empresa trabalha apenas com essa linha. "No caso da Semaan, cujo foco está nos produtos licenciados, o rendimento é de 100%", afirmou o diretor. A empresa espera ter um crescimento de 10% do faturamento da loja este ano, mas o valor não foi revelado.

Para aproveitar o varejo aquecido nos meses de janeiro e fevereiro, a Nickelodeon acaba de lançar uma linha completa de produtos escolares com os personagens de sucesso deste canal de entretenimento. Cadernos, caixas organizadoras, mochilas, lancheiras, estojos, canetas, massa de modelar, entre outros itens, estampam a figura do Bob Esponja, licenciado pela Tilibra; dos Backyardigans e da Dora, licenciados pela Carvajal Educação Ltda., entre outros.

A maior procura por estes produtos é explicada pelo diretor-comercial da Semaan pela identificação com seu público-alvo. "Há um vínculo afetivo entre o personagem e a criança, e com os licenciados a criança poder ter um produto ligado ao personagem de que ela mais gosta o ano inteiro. Não é apenas uma questão de ter algo de tal personagem, é muito mais uma ligação afetiva", diz Mouwad.

Mercado

Em setembro de 2011, a Licensing Brazil Meeting, feira voltada ao segmento de licenciamento, movimentou o montante de R$ 600 milhões para aproveitar o mercado brasileiro, que se mostra aquecido devido ao maior poder de compra do consumidor. De olho nisso, a Warner Bros. Entertainment Company aposta no Brasil há quatro anos. A ideia é fazer seus personagens gerar rendimento expressivo de vendas no País.

Com a previsão de crescer 15% em suas operações pelo mundo, recentemente fechou contrato de licenciamento com o parque temático Hopi Hari, localizado perto de Campinas (SP). O acordo, que ficou em mais de R$ 130 milhões, quer seguir um modelo existente nos EUA e no Japão, países em que parques temáticos possuem espaços reservados para os personagens da empresa.

Marcos Bandeira de Mello, gerente-geral da Warner Bros. Consumer Products, afirma que o Brasil tem bom potencial de crescimento do número de licenças. "O Brasil estava em sexto lugar no ranking da Warner quando ela chegou ao País, e agora é o segundo", afirmou ele, ao DCI.


Veículo: DCI





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