Tendência também é percebida no Brasil, onde telefones inteligentes se consolidam como opção barata de acesso à web; segundo consultoria GfK, as vendas de smartphones mais do que dobraram no País em 2011, 'empatando' com as de computadores
O acesso à internet está cada vez mais na palma das mãos e no toque dos dedos. Segundo pesquisa da consultoria britânica Canalys, o mercado de smartphones cresceu 63% em 2011, para 488 milhões de unidades, enquanto o de PCs teve expansão de 15%, para 415 milhões de equipamentos. É a primeira vez que, em um balanço anual, as vendas de smartphones superam as de computadores pessoais.
No Brasil, partindo de uma base mais baixa, as vendas de smartphones subiram em ritmo ainda maior. Segundo dados da consultoria GfK, o comércio de aparelhos móveis com acesso à internet cresceu 115% entre janeiro e novembro de 2011, na comparação com o mesmo período do ano anterior, passando de 3,83 milhões para 8,27 milhões de unidades. No mesmo período, o comércio de PCs teve alta mais discreta, de 32%, de 6,29 milhões para 8,33 milhões de unidades comercializadas.
Em 2010, aponta a GfK, foi vendido 1,63 computador para cada smartphone; no ano passado, essa relação ficou em 1,01, ou seja, próxima a um empate. Além da questão prática, já que o aparelho celular pode ser usado em todo lugar, há também um raciocínio econômico por trás da opção do consumidor pelos smartphones. "Especialmente na classe C, o telefone está passando a ser a escolha mais econômica de conectividade. Os aparelhos estão mais baratos e há planos nas operadoras que oferecem um dia de internet pelo celular a R$ 0,50", explica Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, especializada no setor de telecomunicações. "Esta é uma tendência irreversível."
Apesar de a base de celulares no Brasil já ser superior a 1 aparelho para cada habitante, a tendência para o mercado de smartphones é otimista. O País fechou 2011 com mais de 242 milhões de unidades em circulação, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Isso significa que havia 1,24 telefone móvel para cada habitante. E não há previsão de reversão dessa tendência nos próximos anos: de acordo com a consultoria Pyramid, o País terá 1,53 celular para cada habitante até 2016.
Brasil x mundo. A participação de smartphones no universo de aparelhos móveis ainda é baixa, mas cresce rapidamente, conforme fontes de mercado ouvidas pelo Estado. Os telefones inteligentes representavam cerca de 12% da base total no fim do ano passado; atualmente, essa fatia já passou a marca de 15%. No fim de 2011, a preferência pelos smartphones foi perceptível nas vendas: 56% de todos os celulares comercializados em dezembro eram smartphones. "Isso é impressionante", diz Filipe Rosa, diretor da Mobile Entertainment Forum (MEF) para a América Latina.
No resto do mundo, as expectativas para o mercado de smartphones não são tão positivas, segundo a Canalys. A estratégia de crescimento das operadoras deverá dar lugar à necessidade de garantir que o segmento seja também uma fonte de lucros. "Até as companhias que focaram a conquista do mercado de produtos de baixo custo com preços agressivos, como Huawei, ZTE e LG, agora partem para produtos mais elaborados", diz a empresa. "Modelos de alto padrão virão para aumentar os preços e melhorar as margens."
Veículo: O Estado de S.Paulo