Episódio do carbendazim deve servir de alerta para o setor de alimentos

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No início de janeiro, o FDA, órgão que controla medicamentos e alimentos nos EUA, detectou resíduos do fungicida carbendazim acima do nível permitido de 10 ppb (partes por bilhão, ou um grama em mil toneladas) em amostras de suco de laranja brasileiro. Como consequência, barrou a entrada do produto em solo norte-americano.

No mercado brasileiro houve um misto de surpresa pelo bloqueio e de confirmação das expectativas, pois os níveis de carbendazim aceitos pelos EUA já eram de conhecimento da indústria.

Entretanto, o suco de laranja barrado possuía quantidades abaixo de 35 ppb de carbendazim, considerado pelo órgão norte-americano nível que "não representa preocupações à saúde".

Além disso, o suco de laranja produzido em território americano pode apresentar até 80 ppb. Também é importante lembrar que os níveis admitidos para outras frutas, como maçãs, bananas e pêssegos e seus sucos, podem ser até 200 vezes maiores que o da laranja.

Os EUA respondem por cerca de 15% das exportações brasileiras da commodity. Por outro lado, os EUA têm uma dependência ainda maior, já que 50% do suco importado vem do Brasil.

O "episódio carbendazim" deve servir de alerta para duas tendências. A primeira é o aumento da exigência dos consumidores, tanto do ponto de vista de saúde humana como também na preocupação com as questões ambientais da produção dos alimentos. A segunda é a eficiência dos equipamentos que detectam os resíduos em quantidades cada vez menores.

A cadeia citrícola deve se adequar a essa tendência de forma conjunta, envolvendo todos os segmentos, desde o produtor até a indústria, passando pelos fabricantes de defensivos. Mais uma importante função para um Consecitrus bem organizado.

Por outro lado, não se pode eliminar um insumo se ele for economicamente viável, possuir eficiência comprovada e, principalmente, se não apresentar riscos à saúde.

A proibição de um defensivo agrícola deve ser embasada por comprovações científicas confiáveis. Do contrário, o aumento do custo de produção certamente aumentará o preço final do alimento, restringindo ainda mais seu consumo por populações mais pobres.

O ideal é que se encontre um ponto de equilíbrio entre a segurança alimentar e ambiental, a saúde das pessoas e a viabilidade econômica na produção. E o Brasil, protagonista na produção de alimentos, deveria liderar essa discussão.

Hoje, quem está sob os holofotes é o suco de laranja,. Amanhã poderá voltar a ser a soja ou a carne bovina e, mais tarde, o milho, o algodão e outros.

Deveríamos trabalhar preventivamente, focando nas crescentes exigências dos consumidores de alimentos.


Veículo: Folha de S.Paulo


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