Aumento da produção e redução do consumo pressionam cotação para baixo.
O aumento da produção de batatas no Sul de Minas e a queda no consumo per capita do produto in natura estão promovendo o recuo dos preços pagos aos envolvidos na atividade. De acordo com os dados da Associação dos Bataticultores do Sul de Minas (Abasmig), a saca de 50 quilos do tubérculo está cotada entre R$ 20 e R$ 25. O valor necessário para cobrir os custos e gerar lucro para os produtores gira em torno de R$ 40, preço que não deverá ser alcançado na primeira safra do ano.
Segundo o engenheiro agrônomo e secretário-executivo da Abasmig, José Daniel Rodrigues Ribeiro, o rendimento da cultura na primeira safra foi maior que o esperado e com isso houve excesso de produção, mesmo após a redução de cerca de 10% na área ocupada.
"Este ano, devido aos preços ruins pagos na primeira safra de 2011, foi feita uma redução na área plantada no Sul do Estado. Porém, a produtividade da cultivar ágata foi superior à esperada e compensou a redução da área. O momento é desfavorável para o produtor, que está acumulando prejuízos e comprometendo os investimentos na segunda safra do ano", diz Ribeiro.
Pelos seus cálculos, a produção no Sul de Minas deverá ficar entre 320 mil toneladas e 360 mil toneladas, volume equivalente ao produzido no mesmo período de 2011. No ano passado, devido ao volume excessivo, parte da produção precisou de ser descartada, pela falta de mercado. Mesmo com os preços baixos, Ribeiro acredita que em 2012 não haverá descarte da produção.
Agroindústrias - Uma das soluções apontadas para melhor controle da produção e a sustentação dos preços em patamares rentáveis é a atração de agroindústrias para a região. Porém, para que ocorra controle da oferta, é necessário que os produtores também invistam em cultivares voltadas para a indústria e de melhor qualidade culinária que a variedade ágata, que hoje é utilizada por 70% dos produtores do Sul de Minas.
No Sul do Estado, segundo Ribeiro, estão instaladas cerca de 65 agroindústrias processadoras de batatas, porém a qualidade cultivada na região não é apropriada para a fabricação de chips e batata palha.
"O investimento da Yoki em Pouso Alegre, na ampliação da indústria já instalada no município, vai trazer resultados positivos. Vamos trabalhar para que os produtores invistam em qualidades diferenciadas e que sirvam para abastecer a indústria. A vantagem é ter sempre a garantia de mercado e de preços, porém é preciso de organização para que a oferta e a qualidade da batata sejam constantes durante todo o ano", alerta.
A mudança de perfil da produção, do mercado doméstico para a indústria, é estimulada pela queda na demanda pelo produto in natura. Segundo Ribeiro, o aumento da renda da população tem incentivado o consumo da batata processada e praticamente pronta para a fritura.
"As pessoas estão preferindo adquirir produtos mais práticos, mesmo que o valor seja superior. Enquanto o consumo per capita anual da batata in natura caiu de 15 quilos para nove quilos, o consumo dos produtos processados asumentou de quatro quilos para seis quilos ao ano", diz.
Segundo os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Minas respondeu em 2011 por 32,34% da produção nacional de batatas. O volume cultivado no Estado, cerca de 1,27 milhões de toneladas, abastece principalmente os mercados de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e da região Nordeste. No Sul de Minas são produzidos, anualmente, cerca de 540 mil toneladas, o que representa 42% do volume gerado em Minas. A área total gira em torno de 20 mil hectares.
A produção é dividida em três safras. A primeira, chamada safra das águas, é colhida entre dezembro e março e é considerada a de menor custo, por dispensar a irrigação. Nessa época, cerca de 90% dos produtores envolvidos são de pequeno porte.
Veículo: Diário do Comércio - MG