As mudanças na resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proíbe aditivos ao cigarro, como menta, chocolate e cravo, não foram suficientes para reduzir as críticas da indústria do tabaco à medida. A nova versão, prevista para ser votada pela agência no dia 14, mantém o veto a substâncias para alterar cheiro e sabor do cigarro, mas faz exceção ao açúcar.
Mais brando que o original, o texto diz que a decisão sobre o açúcar deve ocorrer em um ano, prazo para conclusão de um estudo por uma equipe destacada pela Anvisa. "Nenhum estudo comprovou a relação entre uso de aditivos na fabricação dos cigarros e riscos à saúde associados ao seu consumo", afirmou, em nota, o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke.
O presidente da Câmara Setorial da Cadeia do Tabaco, Romeu Schneider, afirma que a mudança resolve apenas parte do problema. "Em um ano, o tema do açúcar deverá ser reavaliado. E, novamente, a subsistência de pequenos agricultores será ameaçada." Ele defende a concessão de um prazo razoável para que fabricantes de cigarros com sabor mudem a produção. "Algo em torno de cinco anos", arrisca. A Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo) não se manifestou.
A diretora executiva da Aliança de Controle do Tabagismo, Paula Johns, lamentou a permissão para o uso do açúcar no cigarro. "Claro que houve um avanço, mas é uma pena que a Anvisa tenha se rendido aos argumentos incorretos da indústria do cigarro", disse. Desde que a proposta foi apresentada, em dezembro de 2010, a indústria diz que a proibição do açúcar poria em risco a sobrevivência de pelo menos 250 mil agricultores.
Veículo: O Estado de S.Paulo