Conhecido pelos diversos benefícios à saúde, o consumo de cogumelos da espécie Agaricus Blazei ainda não está fortemente disseminado entre os brasileiros, e seus principais consumidores provêm de países como China e Japão. Porém, a produção quase triplicou nos últimos quatro anos em Minas Gerais e a procura pelo produto tem aumentado tanto no mercado interno quanto externo, o que tem tornado o seu cultivo economicamente rentável.

A Minasfungi Brasil, cooperativa de 26 pequenos produtores do cogumelo localizada em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, responde pela produção anual de mil quilos de cogumelos Agaricus Blazei. Cerca de 70% da produção são direcionadas para outros países e o restante é vendido para o setor de fitoterápico mineiro. O Japão é o principal país que compra o produto brasileiro, seguido pela China. A cooperativa já está em negociação para comercializar o produto na Índia e Alemanha.

Para o presidente da cooperativa, Willian Regis, a demanda pelo Agaricus Blazei tem aumentado nos últimos anos. Segundo ele, os cooperados da Minasfungi quase triplicaram a produção entre 2008 e 2011, passando de 400 quilos de cogumelo seco para mais de mil a cada safra. Segundo ele, os principais gargalos encontrados na comercialização do produto, como a falta de conhecimento dos benefícios pelo consumidores e a falta de mão de obra qualificada, estão diminuindo. "Novas pesquisas têm quebrado os ‘mitos’ sobre o produto, que está se tornando mais acessível ao consumidor comum. Além disso, estamos investindo em pesquisa em perceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e capacitando profissionais na área", comenta.


Workshop - O objetivo da Minasfungi Brasil é dobrar a produção nos próximos anos e, para isso, a cooperativa está captando cerca de 25 produtores para se unir ao polo produtor. O grupo vai oferecer um workshop no dia 21 de abril, em Belo Horizonte, para explicar as vantagens mercadológicas e o processo de produção e venda deste tipo de cogumelo.

Segundo o biólogo Willian Regis, "o cultivo do cogumelo Agaricus Blazei é uma atividade economicamente viável, mas é importante que se tenha o domínio de todas as fases da produção e entendimento de todos os riscos".

A produção do cogumelo exige cuidados. Por ser um fungo muito sensível, é necessário criar condições ambientais especiais e adequadas, que vão desde a temperatura até os níveis ideais de umidade para o seu desenvolvimento. O processo produtivo passa por diversos ciclos, que exigem habilidade e capacitação técnica. Willian Regis explica que existe vantagens em se unir à cooperativa, como acesso à infraestrutura de produção e às principais pesquisas na área. "O Brasil é o país mais apropriado para plantar este cogumelo, que precisa de muita luz solar para nascer."

Para se tornar um produtor é preciso de investimentos iniciais entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. Já a comercialização da Agaricus Blazei em todo o país é feita pelo preço médio de R$ 200 o quilo para o tipo A, R$ 120 o quilo para o tipo B e R$ 80 o quilo para o tipo C. Willian Regis afirma que, em no máximo três anos, é possível amortizar o aporte. Outro fator que pode influenciar no retorno sobre o investimento é a obtenção de contratos de distribuição do produto no mercado externo. A Minasfungi possui um departamento de comércio exterior, criado em parceria com uma trading da Capital, que trabalha na obtenção de contratos de exportação do produto desidratado e também na distribuição do produto com a marca da empresa, a Energy Vita.

O perfil do produtor deve ser de pessoas que tenham propriedades em zona rural, com estrutura mínima ou que querem investir na estrutura necessária e que já tenham funcionários ou familiares disponíveis para lidar com a atividade. Para participar, o interessado deve entrar em contato com a equipe do Minasfungi pelo e-mail minasfungi@minasfungi.com.br ou pelo telefone (31) 3435-9617. A taxa de inscrição é de R$ 300, até o dia 31 de março e de R$ 380 até 14 de abril. O valor inclui transporte de Belo Horizonte a Santa Luzia para visita ao polo produtor. O evento acontecerá em Belo Horizonte e o endereço será confirmado por e-mail aos inscritos.

O que é o Agaricus Blazei? Descoberta na Mata Atlântica do Sul de São Paulo, a espécie se tornou famosa em função de suas propriedades antitumorais e antimicrobianas. Segundo o presidente da cooperativa, Willian Regis, a principal qualidade do cogumelo é a melhoria do sistema imunológico.

Suas propriedades funcionais têm sido comprovadas por inúmeras pesquisas, de diferentes e renomadas universidades no mundo, que revelaram a contribuição eficiente do cogumelo no auxílio da prevenção e tratamento de doenças como diabetes, hipertensão e até Aids.


Veículo: Diário do Comércio - MG