Para a Lojas Colombo, 2011 foi um ano a ser esquecido. Apesar do aumento de 8,5% na receita consolidada líquida, para R$ 1,3 bilhão, a varejista de eletroeletrônicos e móveis com sede em Farroupilha (RS) amargou uma autuação milionária da Receita Federal e reduziu de 331 para 320 o número de lojas, incluindo o fechamento dos dois únicos pontos de venda na capital paulista, nos shoppings Anália Franco e Vila Olímpia, abertos em 2009. Também dobrou as provisões enfrentar o crescimento da inadimplência e encerrou o ano com prejuízo de R$ 54,3 milhões, revertendo o lucro de R$ 11,4 milhões obtido em 2010.
Mesmo assim, a empresa não parece disposta a entregar os pontos. Contrariando mais uma vez os frequentes rumores a respeito do assunto, o diretor de vendas César Anderson garante que a rede não está à venda. "Pelo contrário, seguimos investindo em expansão. Somente em novas lojas temos investimentos próximos a R$ 9 milhões previstos para este ano", informou o executivo, em entrevista por escrito.
Conforme o balanço da rede, o fechamento das unidades de São Paulo e o fim das operações no segmento de pneus, que contava com cinco lojas, foram "ações de contingência". Em novembro, em entrevista ao Valor, o então diretor de vendas Thiago Baisch disse que em 2011 a rede estava fechando lojas com resultados abaixo do esperado e devido aos reajustes muito elevados nos preços dos alugueis dos imóveis.
Na época, Baisch disse que a redução do tamanho da rede de 361 para 320 pontos desde 2008 tinha como objetivo elevar a rentabilidade da varejista, mas adiantou que 2012 seria o ano da retomada. Agora, segundo Anderson, serão abertas 20 lojas neste ano, além mais um centro de distribuição, desta vez em Limeira (SP), o quarto no país. Os outros ficam em Sumaré (SP), Porto Alegre e Curitiba. "Nossos planos estão mantidos", relatou o executivo, que prevê alta de 10% a 12% nas vendas do ano. No primeiro trimestre a expansão foi de 12% ante igual período de 2011.
Mas o desafio não será pequeno. Só o parcelamento negociado com a Receita vai custar R$ 16,3 milhões em 2012. A autuação, recebida em outubro, totalizou R$ 80,2 milhões, referentes à falta de recolhimento de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) sobre o resultado da venda de 50% da financeira própria Credifar (depois rebatizada como Crediare) para o Bradesco em 2007.
Segundo Anderson, a "visão" da empresa a respeito do assunto não coincidiu com a da Receita, mas a varejista acatou a decisão sem recorrer à Justiça e parcelou a maior parte do lançamento fiscal (R$ 77,6 milhões) em 60 meses. A autuação partiu de uma base de cálculo de R$ 130 milhões, equivalente ao ganho de capital que teria sido obtido na operação com o Bradesco, e teve todos os efeitos reconhecidos no balanço de 2011.
Em cima desse valor foi aplicada a alíquota de 34% de IRPJ e CSLL, mais uma multa de R$ 31,5 milhões e juros de R$ 15,1 milhões sobre o parcelamento. Foram descontados R$ 9,2 milhões por conta de compensações com créditos tributários diferidos. A base de cálculo para a execução foi incluída ainda na apuração do IRPJ e da CSLL a recolher no exercício, que passaram de R$ 9,7 milhões em 2010 para R$ 45,8 milhões em 2011.
A empresa também encerrou 2011 com dívida financeira líquida de R$ 140,5 milhões, ante R$ 76,9 milhões no exercício anterior. A dívida bruta cresceu 65,5%, para R$ 159,9 milhões, sendo R$ 153,1 milhões com vencimento em 2012, enquanto o lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) "ajustado com a exclusão das despesas do lançamento fiscal" somou R$ 52,2 milhões no ano passado.
Com o aumento do passivo, as despesas financeiras líquidas cresceram de R$ 1,6 milhão para R$ 16,8 milhões no ano passado, incluindo os juros sobre o parcelamento com a Receita. Já as provisões para créditos de liquidação duvidosa praticamente dobraram - de R$ 14,4 milhões para R$ 28,3 milhões - e também pressionaram o resultado. "Tivemos uma sinalização do aumento da inadimplência e o incremento da provisão é a forma de minimizar o impacto caso ocorra", explica o diretor comercial.
Veículo: Valor Econômico