A empresa de cama, mesa e banho Döhler decidiu incrementar suas operações nos Estados Unidos, montando um centro de distribuição na Flórida. Os investimentos não foram revelados. Com a operação, iniciada há quatro meses, a Döhler passa a atender diretamente o varejo americano.
"Hoje, há meia dúzia de grandes distribuidores que não estão sequer entendendo o que o consumidor americano quer, mas colocando no mercado aquilo que o fabricante chinês quer vender nos Estados Unidos", diz Carlos Alexandre Döhler, diretor comercial da empresa, que entende que a empresa agora poderá colocar um produto a preços mais competitivos e entender melhor o consumidor final. Ainda existirão alguns distribuidores com quem a Döhler trabalhará nos Estados Unidos, mas estes não serão mais o seu principal canal de vendas, como ocorria até o ano passado.
Com a operação, a empresa pretende antecipar-se a um movimento de melhora mais forte da economia americana. "Os Estados Unidos são um leão adormecido. Queremos crescer devagar para quando o leão começar a rugir, estarmos do lado dele", destaca o diretor. Além disso, pesou na decisão o fato de a empresa estar atenta a possíveis melhoras na relação cambial para o exportador brasileiro, por acreditar que o "movimento de alta das commodities não será eterno" e pela preocupação do governo brasileiro com a desindustrialização.
Membros da equipe de desenvolvimento de produtos da Döhler visitarão em maio o mercado americano para entrevistar consumidores e entender melhor seu comportamento.
Há cerca de 10 anos, a empresa havia criado a subsidiária Döhler USA, um escritório de representação em Nova York, mas o fechou em 2009. Outras empresas de cama, mesa e banho de Santa Catarina também chegaram a abrir subsidiárias nos Estados Unidos anos atrás, como Teka e Karsten.
Entre 2005 e 2006, contudo, elas começaram um movimento de retirada do mercado americano em razão da relação cambial desfavorável para as exportações. As operações nos Estados Unidos foram, aos poucos, descontinuadas e ainda não há previsões de retomada.
Algumas empresas optaram por fechar escritórios; outras encerraram as operações, mas ainda mantendo a razão social aberta, para eventuais negócios futuros.
Carlos Alexandre disse que a Döhler escolheu a Flórida para abrigar o centro de distribuição pela facilidade logística na exportação da produção feita a partir da matriz em Joinville (SC) e também pela proximidade com os hábitos do cliente, pois a Flórida, dentre os estados americanos, é um dos que possuem um clima mais próximo ao do Brasil.
Ao longo do ano passado, a empresa foi uma das poucas fabricantes de produtos têxteis de Santa Catarina que apresentaram um resultado positivo. Ela teve crescimento de 22% na receita líquida, que atingiu R$ 301,09 milhões, e obteve um lucro líquido de R$ 24,14 milhões, o que representou o dobro do lucro líquido de 2010, de R$ 12,39 milhões.
A Döhler foi beneficiada por ter comprado algodão antes do pico do preço do insumo em 2011. Além disso, fez uma política de preços mais agressiva no mercado interno e melhorou custos, após a implantação do método de produção enxuta, iniciado em 2008.
No ano passado, as exportações corresponderam a 7,2% da receita bruta, sendo que o mercado americano respondeu por cerca de 30% da fatia exportada.
O diretor comercial não estima quanto o mercado americano poderá crescer no futuro. A previsão para este ano, por ora, é de manter a atual fatia do mercado externo nas vendas totais. O principal mercado externo da Döhler atualmente é a América do Sul.
Veículo: Valor Econômico