O setor de cargas vem trabalhando com defasagem no frete já há alguns anos
Depois de enfrentar dificuldades no ano passado, em função das oscilações na demanda de serviço, o setor de transporte de cargas de Minas Gerais está pessimista com os resultados de 2012. De acordo com o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa, o segmento deverá apresentar desaceleração no faturamento ou crescimento máximo de 1% na comparação com o registrado no ano passado, quando houve alta de 3,5% sobre 2010.
O atual cenário de estabilidade econômica do país, somado à falta de investimentos das empresas do setor não permitirão crescimento superior a esse índice. Isso porque, conforme ele, quase quatro meses do atual exercício já se passaram e tudo o que for feito a partir de agora só surtirá efeito no segundo semestre.
"Podemos dizer que a primeira metade deste ano já foi perdida. A economia está basicamente parada e não há previsão de grandes crescimentos no consumo. Isso evidencia a necessidade de o governo federal adotar medidas cada vez mais agressivas no sentido de incentivar efetivamente o consumo e a produção no país", ressalta.
Diante da baixa demanda, Costa ressalta que o nível de investimentos por parte das transportadoras do Estado também tem sido baixo. Conforme o presidente, muitas empresas renovaram suas frotas no ano passado e, por isso, os aportes neste exercício estão menores.
As principais demandas do setor em Minas são por transporte de commodities, sendo que somente a mineração representa 30% do total. São destaques também os produtos siderúrgicos e agrícolas. Em termos de empregos, as estimativas são de que a cadeia de transporte de cargas empregue cerca de 200 mil pessoas em todo o Estado, desde motoristas, passando por ajudantes até chegar aos cargos administrativos.
Custos - O presidente da Fetcemg lembra que a falta de competitividade do setor hoje é um problema nacional. Segundo ele, a situação no Estado é um pouco pior, já que os custos são mais altos do que os de outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. "Além de o óleo diesel ser mais caro em Minas, o consumo de combustível é maior, em virtude do relevo mais acidentado", explica.
Com isso, de acordo com Costa, o setor vem trabalhando com defasagem no frete já há alguns anos e precisa de reajuste o quanto antes, pois as margens de lucro das empresas atualmente giram em torno de 3%, enquanto na década de 1990 chegavam a 10% ou 15% do faturamento. Outro problema enfrentado pelo segmento diz respeito à qualificação de mão de obra.
"Faltam motoristas qualificados no Brasil inteiro, mas o principal gargalo continua sendo a falta de infraestrutura da malha rodoviária. Em Minas Gerais, por exemplo, há tempos que não se vê nada saindo do papel ou sendo concretizado em termos de melhorias. Precisamos urgentemente que questões como a BR-381 e o Anel Rodoviário de Belo Horizonte sejam resolvidas", reivindica.
Veículo: Diário do Comércio - MG