Alemão afiado

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A famosa marca alemã de facas e cutelaria em geral Zwilling está chegando ao Brasil. Já tem uma loja aberta, há poucos meses, no Shopping Bourbon, no bairro da Pompéia, e na semana próxima abre uma flagship store na rua Oscar Freire, ambas em São Paulo. Quem dirige a operação no Brasil é Peter Herweck, que, de São Paulo, controla todo o mercado da América Latina, fora México. A loja a ser inaugurada na quarta-feira será a maior do mundo, apresentará todos os produtos do grupo, que hoje envolve outras marcas, e terá ilhas gourmet, não só para eventuais degustações gastronômicas e aulas de cozinha, mas para que o cliente possa testar os produtos antes de comprá-los.

 

E para quem acha que alemão não liga para o zodíaco, uma informação: Zwilling quer dizer gêmeos, o logo da marca, e o nome foi dado pela família Henckels, que fundou a marca na cidade de Solingen há 277 anos, porque este era o signo que estava no céu quando a fábrica abriu em 13 de junho de 1731. A data parece cabalística para a empresa, já que a primeira loja paulista abriu no dia 13 de junho deste ano. Os Henckels foram donos da marca até cerca de 30 anos atrás, quando a venderam para o grupo alemão Werhahn.

 

A nova loja será também um showroom e o escritório central da marca. "Quase todas as nossas lojas funcionam como showrooms porque 90% de nossas vendas em mais de cem países são para lojas multimarcas. O único lugar do mundo onde vendemos exclusivamente em nossas lojas é na China, nosso segundo mercado depois dos Estados Unidos e onde temos 200 lojas. No Brasil, pretendemos abrir dez lojas até 2010. E queremos ter cerca de 200 pontos de venda, mesmo que seja em lojas bem próximas daqui, como Mickey ou Espaço Santa Helena. Isso absolutamente não atrapalha o nosso negócio, pelo contrário", conta Peter Herweck. As lojas paulistas têm o mesmo mobiliário e acabamento das demais pelo mundo afora. Todo o mobiliário vem da Alemanha, montado por técnicos alemães, que fazem a primeira decoração.

 

Hoje, o que a Zwilling quer vender é o conceito "cuisine", de gastronomia sofisticada. Mas a fama da marca nasceu da qualidade de suas lâminas, feitas com um aço especial, produzido e fabricado por eles durante muito tempo. Hoje, todo o aço é comprado. Mas a empresa tem um único fornecedor para toda a sua produção, que é 90% feita na Alemanha, cerca de 10% entre China e Espanha, e uma quantidade pequena no Japão, produzida especialmente para o mercado local.

 

A Zwilling faz 40 tipos de facas para cozinha, em 12 linhas diferentes. Ao Brasil virão oito delas. "Mas isso é para os chefs que precisam de lâminas muito específicas. Numa casa, cinco tipos de facas fazem todo o serviço. Se o dono da casa for um entusiasta da cozinha, dez facas. Mas não mais que isso", comenta Herweck. A linha top é a 1731, feita com aço Cronidur 30, usado em espaçonaves, com cabo de madeira macassar, da África. A marca fabrica também faqueiros de aço de bom desenho, para adultos e crianças. Mas ficar só nas lâminas seria pouco para o mercado da culinária. Por isso, a empresa andou aumentando muito sua oferta, sem nunca deixar o foco da culinária. Há cinco anos produz panelas de bom desenho e tecnologia. "Seus fundos estão preparados para o fogão do futuro, que será por indução de calor, que nunca vai aquecer mais do que 180º, e portanto não estraga a comida, o que é muito importante para as cozinhas profissionais. Mas funcionam muito bem no fogo ou no fogão elétrico", conta ele. Além disso, a Zwilling foi às compras e arrematou a Staub francesa, que faz panelas de ferro, e a De Meyeren, belga. "As panelas Staub são ótimas para as comidas típicas brasileiras, como a feijoada e as moquecas. E são muito fashion também, devido ao desenho e às cores", garante o empresário. Ainda na área da cozinha, a Zwilling tem todo tido de utensílio e acessório, tudo em aço, mas com cabos de um silicone especial que não derrete ou deforma com o calor.

 

A marca alemã é famosa também por suas tesouras de todo tipo, para a cozinha, papel e até cabelo. E pela linha Beauty. São alicates e todo tipo de pequenos instrumentos para as unhas e para os olhos, de pinças para as sobrancelhas a curvex para os cílios. Outra marca comprada pela Zwilling é a americana Tweezerman, que faz um pequeno cortador de unhas de design premiado com o Red Dot. E andam testando a cerâmica e a porcelana para lixas de unha com sucesso. Há uma pesquisa na empresa para desenvolver também lâminas de cerâmica. "Mas esses são produtos muito frágeis. É preciso ter muito cuidado ao utilizá-los, porque se quebram. Ainda não há a cerâmica inquebrável", diz Herweck. O mais divertido é que muitas dessas peças têm uma aparência bem contemporânea na apresentação, pois podem vir com estampa de onça, zebra e até cobertas de brilho Swarowsky.

 

Quem são os usuários da Zwilling pelo mundo? Herwerck conta que são os chefs mais exigentes, os gourmets sofisticados do mundo todo. E o papa alemão Bento XVI, que passou a usar, recentemente, um faqueiro Zwilling que ganhou da empresa conterrânea. Um desenho especial para o Vaticano? Nada disso. Um faqueiro normal.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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