Cresce disputa pelo espresso caseiro

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A comodidade de preparar em casa um café espresso, ou mocaccinos, cappuccinos e macchiatos, seduz cada vez mais gente. A venda de cápsulas dessas bebidas movimentou US$ 5,7 bilhões no mundo em 2011, uma alta de 31% sobre o ano anterior, segundo a consultoria Euromonitor. No Brasil, os números ainda são modestos, mas crescem rápido: vendas de US$ 32 milhões no ano passado, um avanço de 43% sobre 2010. No país, a única a oferecer bebidas a partir de 15 BAR (pressão considerada mínima para o espresso) é a Nestlé, com as marcas Nespresso e Dolce Gusto. A gigante, porém, ganhou um rival de além-mar.

A portuguesa Delta Cafés acaba de abrir uma filial no país para lançar o sistema Delta Q, de máquinas de chá e café espresso por cápsulas. Com investimentos iniciais de R$ 5 milhões, a empresa montou um escritório em São Paulo para abastecer o varejo com as máquinas Qosmo, criar um sistema de distribuição e oferecer assistência técnica aos equipamentos. Fundada há 25 anos, a Delta é líder em cafés em Portugal, com vendas de € 310 milhões em 2011. No país de origem, ultrapassou a Nespresso e se tornou a principal marca local de café espresso.

A receita para isso, segundo o fundador Rui Miguel Nabeiro, foi oferecer blends de café a um preço menor que Nespresso e equivalente a Dolce Gusto. E, principalmente, levar as cápsulas e a cafeteira para perto do consumidor, como supermercados, padarias e redes de varejo. "A Nespresso só vende na própria rede, mas nós permitimos que o consumidor compre o café nos mesmos lugares onde compra o pão e o leite", diz Nabeiro.

A Nespresso é líder mundial em café espresso por cápsulas, com faturamento de US$ 3,7 bilhões em 2011 (65% do mercado global). Há seis anos no Brasil, é dona de 11 lojas. Nesses pontos, são vendidas as máquinas (cujo preço varia de R$ 395 a R$ 995, dependendo do modelo) e as cápsulas (a caixa com dez unidades custa de R$ 19 a R$ 25). Já a Dolce Gusto, que está aumentando modelos de máquinas e sabores, é oferecida em redes de varejo a preços que vão de R$ 349 a R$ 649, enquanto 16 cápsulas custam R$ 23,99 nos supermercados.

A máquina Qosmo da Delta foi lançada a R$ 349, e o conjunto de dez cápsulas custa R$ 17,50. "Serão sete blends a um preço mais acessível", diz Nabeiro. No Brasil, a Delta começou a venda pelos hipermercados Extra da Grande São Paulo e, no Nordeste, conta com a parceria com o empresário Eduardo Gusmão, seu distribuidor na região.

Há oito anos, Gusmão criou a Deltaexpresso, uma rede de cafeterias exclusiva da marca Delta, que hoje soma 18 unidades em Pernambuco, Aracaju, Salvador e Brasília. "Nosso modelo é focado nas bebidas à base de café, como a Starbucks", diz o empresário, que também é dono da distribuidora Eurobrasil, responsável por atender no Nordeste hotéis, restaurantes e bares com os cafés da Delta.

Na parceria firmada entre Gusmão e Delta, o empresário se compromete a usar apenas os cafés da portuguesa, enquanto esta não cobra royalties pelo uso da marca. Das atuais 18 unidades da Deltaexpresso, só quatro são próprias - a maioria é de franquias. "Agora, com a presença da Delta no país, vamos crescer muito mais", diz Gusmão. A ideia é abrir 100 lojas até 2017, com investimento total de R$ 30 milhões. Esse capital deve vir de Gusmão e dos franqueados no Sudeste, Nordeste e Brasília. "Em São Paulo, vamos desembarcar na segunda metade de 2013".

As lojas da Deltaexpresso também funcionam como pontos de venda das máquinas e cápsulas Delta Q, diz Gusmão, que planeja vender 1 mil máquinas Qosmo até o fim do ano. No Brasil, a Delta também se associou a um distribuidor no Espírito Santo onde tem uma loja conceito.

Além da Nespresso, a Delta é uma das poucas multinacionais que fabricam o café em cápsula no sistema 15 BAR. Outras grandes empresas, como a Mondelez (ex-Kraft), com a marca Tassimo, e a D.E Master Blenders 1753 (cisão da Sara Lee), com a Senseo, produzem cafés e bebidas quentes em cápsulas, mas não são cafés espressos.


Veículo: Valor Econômico


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