Reeleição de Obama cimenta política monetária do Fed

Leia em 3min 30s

A vitória eleitoral do presidente Barack Obama significa que a política de dinheiro fácil do Federal Reserve, o banco central americano, deve continuar até que a economia se fortaleça significativamente.

O banco central informou que espera manter o juro de curto prazo perto de zero pelo menos até meados de 2015, e é pouco provável que Obama queira mudar essa linha de ação.

Embora os presidentes não possam influenciar diretamente as decisões do banco central, cuja política é independente, eles direcionam suas ações ao fazer nomeações para o conselho de sete membros do Fed, sujeitas à confirmação do Senado.

Obama já deixou sua marca no Fed ao renomear Ben Bernanke como presidente do conselho e nomear cinco dos outros seis membros.

A reeleição do presidente significa que ele vai nomear um sucessor para Bernanke, que deve deixar o cargo quando concluir seu mandato de presidente, em janeiro de 2014.

"É difícil imaginar que Obama escolha alguém [...] que vá romper radicalmente com as diretrizes atuais", disse Roberto Perli, ex-funcionário de alto escalão do Fed, agora diretor administrativo da firma de pesquisa International Strategy and Investment Group. O escolhido do presidente Obama provavelmente será alguém que também acredita que "a política monetária fácil é necessária e a melhor tática na fase atual".

Em setembro, o Fed começou a comprar mensalmente mais US$ 40 bilhões em títulos de dívida lastreados em hipotecas, e informou que continuará a fazer isso até que o mercado de trabalho se fortaleça significativamente. Isso vem se acrescentar aos US$ 45 bilhões em títulos de longo prazo do Tesouro que o Fed compra a cada mês, com dinheiro obtido com a venda de títulos do Tesouro de curto prazo. O Fed vai decidir se dará prosseguimento a esses dois programas na sua reunião de decisões políticas de 11 e 12 de dezembro.

Com Obama na Casa Branca, uma forte candidata à presidência do Fed é a vice-presidente do conselho, Janet Yellen. Ela foi professora de economia da Universidade da Califórnia em Berkeley, antes de entrar no conselho do Fed, nos anos 1990, e depois servir como chefe do Conselho de Assessores Econômicos do ex-presidente Bill Clinton. Mais tarde, foi presidente do Fed regional de San Francisco, na Califórnia, antes de voltar ao conselho do Fed em 2010 como vice-presidente. Ela seria a primeira mulher na presidência do banco central.

A filosofia de política monetária de Yellen está alinhada, de modo geral, com a de Bernanke. Tal como ele, Yellen acredita que a política de juro baixo do Fed pode ajudar a dar força ao mercado de trabalho. Algumas autoridades do Fed e críticos externos ao órgão discordam, dizendo que a política do Fed não é capaz de aliviar os problemas no mercado de trabalho que estão impedindo uma queda na taxa de desemprego, atualmente de 7,9%.

O processo de tomada de decisão colaborativa promovido por Bernanke provavelmente não será revertido. Agora, os presidentes regionais do Fed já estão acostumados a desempenhar um papel mais influente nas decisões de política monetária do que ocorria com seus antecessores na presidência de Alan Greenspan, que dominava com mão firme as ações do Fed.

Sob o comando de Yellen, "Creio que não haveria uma volta a um tipo de liderança no estilo Greenspan", disse Michael Feroli, economista-chefe para os Estados Unidos do JP Morgan Chase & Co.

Outros possíveis candidatos ao cargo incluem três ex-vice-presidentes do Fed: Donald Kohn, agora acadêmico no centro de estudos Brookings Institution; Roger Ferguson Jr., atual diretor-presidente e superintendente da TIAA-CREF, firma de serviços financeiros; e Alan Blinder, professor de economia da Universidade de Princeton. Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro e alto assessor econômico da Casa Branca, atualmente professor da Universidade de Harvard, também poderia ser nomeado. Yellen, Blinder e Ferguson não quiseram comentar para este artigo. Kohn e Summers não responderam a um pedido de comentário.

O processo de escolha e confirmação do próximo presidente do Fed provavelmente ficará em segundo plano devido a decisões mais imediatas de nomeação de pessoal, no início do segundo mandato do presidente Obama. O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, disse que vai sair em janeiro, assim como a secretária de Estado, Hillary Clinton.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Setor quer barreira ao leite importado

A entrada de produtos lácteos do Uruguai e Argentina está tirando empregos nos laticínios brasileir...

Veja mais
Ex-Diretor da Cargill comandará Marfrig em 2014

No momento em que sofre pressão dos investidores para reduzir seu elevado endividamento e pagar seu passivo de cu...

Veja mais
Kraft lucra 12,7% mais no trimestre

A Kraft Foods, responsável por operações de mercearia e bebidas da ex- Kraft Inc., registrou lucro ...

Veja mais
Novo acionista da Danone, Nelson Peltz chega à França

O investidor ativista Nelson Peltz levou pela primeira vez sua estratégia agressiva para a França, ap&oacu...

Veja mais
Azeite Andorinha volta às telas

Parte da estratégia de marketing da Azeite Andorinha envolverá este mês o retorno da personagem Ando...

Veja mais
Brasileiro está mais exigente e quer consumir mais grifes

Classe C tornou-se mais consciente e passou a exigir qualidade nos produtos que deseja comprarUma nova classe méd...

Veja mais
Grupo L’Oréal inaugura a sua maior fábrica

Unidade, localizada na Indonésia, é grande aposta para abastecer mercados da Ásia O grupo franc&...

Veja mais
Savegnago participa do dia Nacional da Coleta de Alimentos

Meta é arrecadar 5 toneladas em Ribeirão Preto e Sertãozinho Seis lojas da rede Savegnago Supermer...

Veja mais
Dinheiro de plástico:uma boa opção de venda para alguns lojistas

O "dinheiro de plástico" conquista, devido a fatores como praticidade e segurança, a preferência de ...

Veja mais