A Justiça Federal de Passos indiciou, nesta terça-feira (16), que 28 pessoas por envolvimento em adulteração de leite da cooperativa Casmil. A denúncia partiu do Ministério Público Federal. Todos responderão por crime contra a saúde pública. Os sete integrantes da diretoria da Casmil denunciados responderão ainda por crime contra as relações de consumo, corrupção ativa, corrupção passiva e formação de quadrilha.
O Ministério Público investigava a Casmil há 5 anos, desde que foi descoberto um desvio de R$ 4 milhões nas contas da cooperativa. No entanto, no ano passado, surgiram os primeiros indícios de adulteração do leite e ex-funcionários denunciaram um esquema fraudulento e lucrativo.
Para multiplicar o volume de leite, a cooperativa adicionava o soro, um sub-produto da fabricação do queijo. Para que esta mistura não fosse apontada nos exames, era usada uma fórmula com quatro substâncias: peróxido de hidrogênio (água oxigenada), soda cáustica, citrato de sódio e uma pasta-base. Os produtos são nocivos à saúde e foram apreendidos no laticínio da Casmil durante a Operação Ouro Branco.
A Polícia Federal também investiga o suposto autor desta fórmula: um engenheiro químico, que é funcionário de um laticínio no interior de Goiás. Ele teria vendido a técnica para a Casmil e treinado os funcionários da empresa. Segundo o Ministério Público, para fazer a adulteração, cada um dos empregados recebia cerca de R$ 1,6 mil.
No relatório do juiz federal Carlos Geraldo Teixeira, consta qual foi a participação de cada um dos denunciados, que eram investigados na Operação Ouro Branco. Notas fiscais e boletins de análise comprovam que o leite batizado na Casmil era distribuído para diversas empresas. Entre elas está a Nestlé, em Araçatuba, e a unidade da Parmalat, em Itatiba.
No dia 22 de outubro do ano passado, promotores do Ministério Público Estadual, procuradores do Ministério Público Federal e a Polícia Federal prenderam funcionários e diretores da Casmil, além de um inspetor do Ministério da Agricultura na cidade. A cooperativa teve alguns departamentos interditados e uma diretoria interventora foi nomeada até que houvesse uma eleição.
Na última segunda-feira (15), em Passos, três tanques da Casmil foram liberados para o recebimento de leite, mas a cooperativa continua impedida de beneficiar e vender o produto.
Veículo: TV Globo/EPTV