Tomate italiano rosana tem menor acidez e maior concentração de licopenos
Novos híbridos de hortaliças, como tomates com menor acidez e mais açúcar, brócolis com sabor mais palatável e couve-flor precoce já chegaram ao mercado ou estão sendo lançados neste final do ano. Uma das grandes vedetes na seção de verduras e legumes de supermercados e varejões é o tomatinho em penca batizado de sweet grape. Além de mais alongado que o popular tomate cereja, também apresenta o dulçor evidenciado. De acordo com Sérgio Minori Hanai, engenheiro agrônomo da Tomatec, empresa de Campinas especialista em sementes e insumos para tomate, o diferencial do sweet grape é o apelo à doçura. Enquanto a maior parte dos tomates comercializados no mercado apresenta níveis de dulçor entre 5 e 6, na novidade a média é 12. O nível de açúcar é medido pelo brix, uma espécie de tabela do dulçor de frutas e legumes. “O produto é comercializado em média a R$ 3,00 a bandeja de 150 gramas, enquanto o tomate andréia, conhecido como italiano, custa R$ 4,00 o quilo”, compara o engenheiro agrônomo da Tomatec. Uma das explicações para a diferença no preço entre as variedades de tomate é a logística e a produtividade. O tipo italiano chega a produzir o dobro para uma mesma área cultivada que outras variedades. Está chegando ao mercado a variedade italiana batizada de rosana, com coloração da casca mais clara e rosada, menor acidez e maior concentração de licopenos, agentes que combatem os radicais livres. Há quatro grupos de tomates: salada, italiano, cereja e santa clara (convencional).
Para os produtores, a Tomatec apresentou um híbrido do tomate salada batizado de lume, mais resistente a pragas como o nematóide, que afeta as raízes. Essa variedade, aponta Hanai, detém 70% do consumo na mesa do brasileiro. “Essa novidade deve chegar ainda no primeiro trimestre de 2009 nos distribuidores e de lá para a mesa do consumidor”, prevê o engenheiro agrônomo da Tomatec. O tomate lume, o pequeno sweet grape e mais 12 variedades de tomates foram apresentados a 800 produtores da Região Metropolitana de Campinas (RMC) na semana passada, durante dois dias do Agrosow, promovido pelo Instituto Agronômico (IAC), em parceria com a Tomatec. Destinado a produtores de hortaliças em geral, o evento mostrou também novas tecnologias de produção e de manejo, incluindo variedades, produtos e técnicas de cultivo espalhadas em oito mil metros quadrados de fileiras cultivadas. Outra novidade é um pimentão de fruto liso e coloração verde brilhante, que tem vida pós-colheita até sete dias maior, comparando com o que existe no mercado.
Há também alface crespa que pode ser plantada o ano todo e o brócolis com menos fibra, talos e floretes mais macios, o que diminui o desperdício no preparo.
Segundo o pesquisador do IAC, Luis Felipe Villani Purquerio, coordenador do evento, entre as novidades estão o sistema de irrigação por gotejamento, que consome menor quantidade de água que o sistema por aspersão e o pivô central. Além disso, o pesquisador explica que o sistema de gotejamento é uniforme, viabilizando a utilização da tecnologia de fertirrigação (aplicação de fertilizantes por meio da irrigação). “O excesso de água também é prejudicial para as culturas, sendo que o uso desse sistema deve ser aliado a um bom manejo e à correta determinação da lâmina de água a ser utilizada”, esclarece o pesquisador.
Outra tecnologia apresentada é a cobertura de solo denominada de mulching, que pode ser orgânica ou plástica. Segundo Purquerio, o mulching impede o crescimento de plantas daninhas, reduzindo o custo com mão-de-obra para capinar e conservando melhor a água no solo. Com isso, reduz-se a freqüência das irrigações e há melhora na produtividade, por haver melhor disponibilidade hídrica e eliminar a competição da cultura com plantas daninhas.
Segundo Purquerio, cada espécie de hortaliça —há mais de 30 comerciais — tem um manejo diferente, dependendo das características de cada uma. Ele afirma que todas essas tecnologias podem ser aplicadas para hortaliças de folha, como alface e rúcula; hortaliças de fruto, como tomate e pimentão; e hortaliças de flor, couve-flor e brócolis. O Agroshow, conta ele, acontece no último bimestre por conta do clima menos chuvoso. As culturas semeadas em agosto já estão no ponto para a colheita. O ciclo do tomate e da rúcula é de 30 dias; 80 e 90 dias para couve-flor; e 150 dias para tomate e pimentão. “Com a variedade de couve-flor precoce, desenvolvida pela Sakato, a colheita é feita em até 90 dias”, diz Purquerio.
SAIBA MAIS
O fato de as hortaliças receberem nomes femininos é uma tradição iniciada nos institutos de pesquisas do mundo, responsáveis pelo desenvolvimento das novas variedades.
30 MIL pés de tomate são cultivados na RMC.
Veículo: Correio Popular - Campinas