O grupo Nova América, líder em vendas de açúcar no varejo com a marca União, deverá definir até o início de 2009 seu novo sócio. Uma das maiores companhias de açúcar e álcool do país, a Nova América recebeu cinco propostas efetivas de parceria. Outras duas correm por fora e devem ser feitas até este fim-de-semana.
O Valor apurou que cinco grandes grupos estão cobiçando uma fatia gorda, de preferência majoritária, na companhia. Cosan, ETH, da Odebrecht, Bunge, Cargill e Brascan já teriam entregue envelopes com a oferta. A americana ADM e o francês Louis Dreyfus também estariam no páreo. As propostas da ETH, Cosan e Bunge são por participações majoritárias. O banco Itaú BBA foi destacado como a instituição financeira mandatária para coordenar a venda de participação do grupo sucroalcooleiro paulista.
Melquíades Terciotti, diretor da Nova América, confirmou que o grupo recebeu cinco propostas e aguarda outras duas. O executivo não confirmou o nome das empresas envolvidas. Segundo ele, o grupo espera por dois tipos de propostas. Em uma delas, os futuros sócios poderão ter participação minoritária no conjunto de usinas da companhia. Em outra, o futuro sócio poderá ser majoritário em algumas usinas do grupo. O grupo não descarta se manter minoritário.
Procurados pelo Valor, os grupos Cosan e ETH confirmaram interesse, mas não detalharam propostas. A Louis Dreyfus Commodities informou que "estuda oportunidades para expandir seus negócios no setor", segundo Bruno Melcher, diretor de açúcar do grupo. ADM e Cargill não comentaram as informações. A Brascan negou interesse na Nova América. A Bunge não retornou as ligações.
Fontes do setor observam que o grupo Nova América pode encontrar uma terceira via. "Eles poderão desistir de fazer parceira, caso o BNDES libere recursos para expansão de projetos do grupo. Eles têm propriedades agrícolas como garantia. Só precisam fechar acordo entre os irmãos", disse uma fonte.
Controlado pela família Rezende Barbosa, a Nova América, com faturamento de R$ 1,5 bilhão, tem sido cobiçado por grandes companhias do setor, interessadas em aumentar seu portfólio de usinas e também abocanhar a liderança no varejo em açúcar. A entrada desse futuro parceiro na Nova América dará maior robustez ao grupo, que neste semestre teve que liquidar uma dívida de cerca de R$ 300 milhões, referente à emissão de debêntures em julho do ano passado e que venceria originalmente em 2013.
De um ritmo de expansão acelerado nos últimos meses, o grupo, com três usinas em operação em São Paulo, teve que puxar o freio nos seus projetos, como reflexo dos baixos preços internacionais do açúcar durante a safra 2007/08 e também por conta da turbulência global financeira.
Em julho deste ano, o grupo anunciou o interesse de compra na usina Pau D'Alho, em Ibirarema (SP). No entanto, a aquisição não foi levada adiante. Dos dois projetos "greenfield" (construção) anunciados pelo grupo no Mato Grosso do Sul, somente o de Caarapó será levado adiante. A nova usina está programada para entrar em operação em 2009. O outro em Naviraí, que ainda não saiu do papel, será postergado.
Veículo: Valor Econômico