Apetite para mais aquisições em 2009

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Confiante na análise de que o setor de massas e biscoitos será pouco afetado pela crise financeira, podendo sair-se até beneficiado da atual conjuntura em razão da inelasticidade do consumo de carboidratos e do baixo preço dos produtos que comercializa, o grupo M. Dias Branco apresenta boas perspectivas para 2009, inclusive com espaço para compras. "A companhia não tem necessidade de grandes investimentos, mas há apetite para aquisições", afirmou o diretor de Relações com Investidores, Álvaro de Paula. Em abril deste ano, a M. Dias - detentora de marcas populares, como Adria e Richester - comprou a Vitarella, localizada em Pernambuco.

 

Na avaliação do executivo, o ambiente de restrição ao crédito pode colocar em evidência empresas que passam por dificuldade financeiras e, portanto, podem ser interessantes alvos de aquisições. "Empresas que não tenham o preparo adequado para enfrentar o período de crise podem aparecer como oportunidades para a M. Dias Branco. Mas não estamos procurando somente empresas em dificuldade, mas sim que estejam dentro do nosso conceito de negócios", ressaltou.

 

De Paula evitou comentar quanto a M. Dias Branco pretende investir no próximo ano. Ao final do terceiro trimestre de 2008, a fabricante tinha R$ 309 milhões disponíveis em caixa, que poderiam ser utilizados em aquisições. Questionado sobre outras formas de financiar possíveis compras, o diretor disse que elas dependerão das características dos negócios que possam ser fechados. "Eu teria uma resposta para cada operação diferente", afirmou.

 

Desafios. Apesar de considerar o seu segmento como um dos menos afetados pela crise internacional, De Paula admite que 2009 será um ano "desafiador", no qual a companhia deverá intensificar a prática de controle de custos que já vinha implementando.

 

Do ponto de vista de demanda, o executivo é otimista. "Vendemos produtos de necessidade básica, de baixo valor agregado e tíquete médio bastante acessível. Atuamos em um segmento muito bem situado nesse contexto de crise", disse. Para evitar antecipação de um guidance ao mercado, De Paula preferiu não fornecer estimativas. Disse apenas que é possível crescer em volume de vendas no próximo ano. "Pode haver migração de consumo para produtos de necessidade mais básica", acredita. "Até o momento, identificamos o consumo como absolutamente normal", acrescentou.

 

Nos nove primeiros meses de 2008, o volume de vendas da M. Dias Branco apresentou crescimento de 15% em relação ao mesmo intervalo de 2007. Quanto ao preço do trigo, principal matéria-prima utilizada pela companhia, a expectativa é de patamares "bem inferiores" aos verificados este ano, diante da perspectiva de crescimento de 23% da safra mundial 2008/09.

 

"A pressão de custos verificada ao final de 2007 e início de 2008 não deve se repetir em 2009", acredita De Paula. Para se ter uma idéia da trajetória de queda da matéria-prima já este ano, na semana passada o preço de importação do trigo argentino estava entre US$ 165 e US$ 170 a tonelada, segundo o executivo. No primeiro trimestre, os preços se aproximaram de US$ 430 por tonelada.

 

O elevado nível dos estoques mundiais, ao lado do desaquecimento da demanda internacional e da queda do preço do petróleo, contribuem para um cenário de custos mais baixos no próximo ano, o que pode resultar em melhoria das margens da companhia. "Se confirmado o volume esperado para as vendas, podemos ter melhora nas margens", observou.

 

O executivo não vê a possível queda na safra argentina como uma ameaça ao abastecimento no Brasil. "O suprimento está garantido para 2009. Estamos menos dependentes do trigo argentino. Tivemos crescimento significativo da safra brasileira e há a possibilidade de comprarmos a matéria-prima dos Estados Unidos e do Canadá.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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