A mineira Embaré, que acaba de investir R$ 65 milhões numa nova unidade de produção de leite em pó, espera um crescimento de 10% em seus volumes este ano, apesar da crise financeira internacional. "Nas circunstâncias atuais, é um bom número", admitiu Haroldo Antunes, diretor-superintendente da empresa que tem sede Lagoa da Prata (MG).
Nos últimos 14 anos, em média, a empresa teve crescimento médio de 18,5% em seus volumes, mas agora os tempos são outros. Para o faturamento este ano, a previsão é de um crescimento também no mesmo patamar dos volumes. Em 2008, as receitas da empresa somaram R$ 500,6 milhões - no ano anterior haviam alcançado R$ 457 milhões, de acordo com Antunes.
Com 56 anos de experiência em lácteos, Antunes diz ter nunca ter visto um cenário tão incerto, mas avalia que a perspectiva é de recuperação no setor. Ele lembra que o segmento de lácteos ficou em alta de setembro de 2007 até o primeiro semestre de 2008, puxado principalmente pelo mercado internacional. A oferta maior, porém, fez os preços dos lácteos caírem e gerou estoques elevados.
"Os estoques agora estão se esgotando", afirma Antunes. E com a oferta de leite mais ajustada, já que os preços baixos desestimularam os produtores, a tendência é que as cotações da matéria-prima voltem a se recuperar, acrescenta.
Ainda que acredite que o setor de lácteos não sofrerá os efeitos da crise financeira global, o diretor-superintendente avalia entrar num mercado diferenciado - fornecer leite para indústrias de chocolate - para amenizar eventuais impactos da turbulência. Ele também reconhece que a Embaré não deve utilizar toda a sua capacidade instalada este ano.
Com os investimentos de R$ 65 milhões, feitos durante 2008, a capacidade de produção do laticínio mineiro aumentou para 5 mil toneladas mensais de leite em pó - era de 2,8 mil toneladas antes da instalação da nova planta também em Lagoa da Prata. Segundo Antunes, a previsão é de uma produção anual de 45 mil toneladas, ou seja, 3,75 mil toneladas mensais. "Não conseguiremos a plena carga este ano", diz.
Além de leite em pó, a Embaré tem em seu portfólio leite condensado, creme de leite, manteiga, bebida láctea e caramelos. O leite em pó é destinado ao mercado nordestino, onde a Embaré teve uma fatia de 19,5% no bimestre dezembro-janeiro, conforme levantamento da Nielsen citado por Antunes. Hoje, o leite em pó é o carro-chefe da Embaré, respondendo por 70% do faturamento total. A produção de caramelo, cuja metade é exportada, equivale a 15% da receita, segundo o empresário.
Veículo: Valor Econômico