Whirlpool prevê aumento de vendas

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O presidente da Whirlpool na América Latina, José Drummond Jr, enfrentou um primeiro trimestre difícil, com queda de 26% nas vendas de eletrodomésticos e compressores, para US$ 689 milhões, em relação a igual período de 2008. Se for excluído o efeito do dólar, que ficou mais forte nos últimos meses, a queda é de 9%. Mas devido à redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) para geladeiras, fogões e máquinas de lavar roupa adotada no maior mercado da região, o Brasil, o segundo trimestre está bem mais positivo e pode reverter o quadro de retração.

 

"Não vou me surpreender se o o segundo trimestre vier com aumento de 10%, talvez 15%, nas vendas", disse Drummond ao Valor. Muitos varejistas, informou, já sinalizaram que querem acelerar a colocação de novos pedidos.

 

Desenha-se, então, uma situação bem diferente da vivida nos últimos meses, quando o varejo estava com estoque muito justo. O executivo, que tem nas marcas Brastemp e Consul o seu carro-chefe, disse que chegou a faltar produto no varejo, mas não que a indústria tivesse parado de produzir. Agora, com o IPI reduzido por três meses e futuras medidas de crédito facilitado ao varejo, que vêm sendo negociadas com o Ministério da Fazenda, o setor conta com uma nova alavanca para aquecer as vendas, avalia. "O governo percebeu que o setor de eletrodomésticos é grande empregador de mão de obra."

 

O resultado ruim nas vendas do primeiro trimestre da Whirlpool na América Latina também repetiu-se no lucro operacional. Este caiu de US$ 119 milhões, no primeiro trimestre de 2008, para US$ 57 milhões. "A baixa lucratividade é basicamente relacionada a flutuações desfavoráveis de câmbio, custos de matérias-primas mais altos e despesa de US$ 26 milhões referente a uma acordo tributário", informou a matriz, nos Estados Unidos.

 
 
O dólar mais forte no Brasil seria um estímulo para aumentar as exportações, mas o mercado externo não está nada comprador. "Sofremos bastante com a queda nas exportações", disse Drummond. A Embraco, a maior fabricante de compressores (motores para equipamentos de refrigeração como geladeira de congeladores) do mundo, exporta cerca de 70% de sua produção e está desde 1º de abril operando em jornada reduzida e pagando salários menores a todos os funcionários. Drummond negociou esse acordo, que termina em junho, com a possibilidade de ser prorrogado, para evitar demissões.

 

Além da forte desaceleração nas vendas, a Embraco, que também possui fábricas na Itália, na China e na Eslováquia, ainda enfrenta uma investigação, no Brasil e no exterior, por suposta formação de cartel. Sobre este assunto, Drummond não faz declarações pois o processo corre em segredo de Justiça, mas ele informou que está "contribuindo com a investigação global."

 

O desempenho da Whirlpool nos EUA, na Europa e na Ásia também foi fraco nos primeiros três meses do ano. As vendas nos EUA caíram 20%, para US$ 2,1 bilhões. Na Europa a queda foi de 26%, para US$ 696 milhões, e na Ásia, de 13%, para US$ 120 milhões. O lucro consolidado caiu 28%, de US$ 94 milhões para US$ 68 milhões, e as vendas totais recuaram 23%, para US$ 3, 57 bilhões.

 

A bolsa de valores de Nova York, porém, reagiu positivamente aos resultados. O papel da maior fabricante de eletrodomésticos do mundo chegou a subir 18% ontem, para US$ 48,02 - a maior alta dos últimos 29 anos. A valorização, segundo a Bloomberg, é explicada pelo fato de o balanço da Whirlpool ter mostrado uma situação melhor do que os analistas previam. No mês, a ação da Whirlpool acumula uma alta de 47,65%. No Brasil, a ação negociada na Bovespa fechou ontem a R$ 3, com variação positiva de 21,95%, no mês.

 

Drummond, como muitos executivos ouvidos pelo Valor, pondera que é muito cedo para fazer previsões sobre o ano de 2009, mas acredita que não será negativo. No balanço, a matriz prevê que as vendas no Brasil podem cair 5% ou empatar com as de 2008.
 


Veículo: Valor Econômico


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