A britânica Cadbury reforçou sua defesa contra uma proposta de tomada de controle feita pela companhia americana de alimentos Kraft, ao divulgar uma carta na qual descreve o grupo dos Estados Unidos como um "conglomerado de crescimento lento".
No fim de semana, a Cadbury tornou pública uma carta enviada pelo presidente do conselho da empresa, Roger Carr, à principal executiva da Kraft, Irene Rosenfeld, defendendo sua decisão de rejeitar a proposta de US$ 16 bilhões. A companhia disse ter publicado a carta para dar mais detalhes dos motivos que a levaram a rejeitar a proposta, já que até então só tinha divulgado uma breve declaração depois de a oferta se tornar pública, uma semana atrás.
Carr afirmou que a empresa americana tinha um negócio "menos focado" que o modelo da Cadbury, baseado exclusivamente em doces, e argumentou que a Cadbury tem uma posição "única" no mercado global de doces devido a sua força em mercados desenvolvidos e emergentes. Segundo Carr, a proposta da Kraft era de um "preço duvidoso" para os acionistas da Cadbury devido à queda das ações da empresa americana desde que ela divulgou sua proposta de aquisição, no dia 7 de setembro.
As ações da Kraft caíram 7%, para US$ 26,10, desde terça-feira, quando os mercados americanos reabriram depois um fim de semana prolongado.
A Kraft afirmou que não vai responder diretamente à carta da Cadbury. "Não vamos entrar em um jogo de pingue-pongue", disse uma pessoa próxima à empresa.
Analistas disseram que a carta de Carr é um sinal enviado para Irene Rosenfeld, de que ela precisa aumentar sua oferta. "Essa carta mostra claramente que a Cadbury está assumindo uma postura mais ativa para responder às inúmeras e agressivas declarações feitas pela Kraft na semana passada", disse o analista Andrew Wood, da Bernstein Research.
A Kraft publicou comparações entre sua oferta pela Cadbury e a aquisição de US$ 23 bilhões da Wrigley pela Mars no ano passado. O grupo americano disse que não precisava pagar um múltiplo de lajida (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 19,5 vezes porque atualmente o mercado está menos comprador.
Veículo: Valor Econômico