Asics acusa a Abicalçados de favorecer a Vulcabrás/Azaleia

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Importadores de tênis dizem que sobretaxa vai tirar empresas do mercado

 

A sobretaxa provisória sobre os calçados importados da China, anunciada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) na semana passada, elevou o tom da briga entre marcas multinacionais e indústrias brasileiras do setor, especialmente a Vulcabrás/Azaleia. Os dois grupos se enfrentam desde o ano passado em um processo de antidumping no Ministério do Desenvolvimento, que culminou na decisão, válida por seis meses, de taxar em US$ 12,47 cada par de sapato comprado do país asiático. Fabricantes de tênis de marcas estrangeiras, como Nike, Adidas, Puma e Asics, e até a brasileira Alpargatas, pediam a exclusão dos tênis de corrida da medida, o que não ocorreu.

 

Ontem, em comunicado, a japonesa Asics criticou abertamente a decisão da Camex. Para a empresa, a decisão beneficia somente a Vulcabrás/Azaleia, dona das marcas de tênis Reebok e Olympikus. "A decisão foi resultado de uma enorme pressão da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), que tem à frente o presidente do conglomerado Vulcabrás/Azaleia", diz a Asics. Para a empresa, com a medida, "o consumidor ficará nas mãos de uma empresa com grande poder de mercado."

 

Giovani Decker, diretor de Operações da Asics no Brasil, diz estar "convicto" de que há conflito de interesses na questão. "Estamos sendo tirados à força do mercado", diz. A Asics importa da China até 60% do volume vendido no País. A companhia estuda medidas jurídicas para reverter a decisão. Por ora, prevê aumento de preços.

 

Milton Cardoso, que preside a Abicalçados e o Grupo Vulcabrás/Azaleia, se defende e diz que o comunicado contém ataques pessoais. "Alegar que a sobretaxa é lobby da Vulcabrás é um insulto ao governo, que se posicionou de modo isento e técnico na questão, e aos trabalhadores do setor calçadista."

 

Segundo ele, na audiência pública realizada no dia 4, em Brasília, para tratar do tema, compareceram representantes de dez sindicatos ligados ao setor de calçados e prefeitos de cinco polos calçadistas que não abrigam fábricas da Vulcabrás.

 

De acordo com a Abicalçados, a invasão dos produtos chineses causou a perda de 42 mil empregos na indústria calçadista nacional. "Essa sobretaxa levará à criação de 60 mil novos postos de trabalho, o equivalente a 1% dos empregos da indústria de transformação no País."

 

Nenhuma das grandes fabricantes de tênis estrangeiras fazem parte da Abicalçados, que iniciou o processo antidumping no ministério. Reunidas na Associação Brasileira de Mercado Esportivo (Abramesp), elas afirmam que a Abicalçados não tem representatividade para o pleito. "Setenta por cento do mercado esportivo é contra (a medida)", diz o presidente da Abramesp, Marcelo Ferreira.

 

Segundo ele, os tênis esportivos foram igualados aos chineses de baixo valor, com custo de US$ 1 a US$ 5. "Esses devem ser sobretaxados." Estima-se que 40% do mercado das associadas da Abramesp - cerca de 5 milhões de pares - seja atingida pela sobretaxa. Mas, segundo a entidade, esses modelos de alta performance não encontram similares no Brasil. "Apesar dos avanços dos últimos anos, o País ainda não tem escala nem tecnologia para atender a todas as categorias do mercado", afirma Ferreira, que também preside a Adidas.
 

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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