Ponto Frio registra perda recorde no trimestre

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Varejo: Prejuízo vai a R$ 278 milhões com provisões.

 

Orivaldo Padilha, diretor de RI: trimestre dedicado à preparação para a venda
O ajuste das contas para a preparação da venda ao Grupo Pão de Açúcar resultou na maior perda da história do Ponto Frio - a transferência de controle foi concluída em 7 de julho. O balanço financeiro da Globex, controladora da rede fluminense de eletroeletrônicos, mostrou uma forte piora no desempenho da varejista, que amargou prejuízo líquido de R$ 278,1 milhões no segundo trimestre. No mesmo período de 2008, as perdas foram de R$ 5,1 milhões.

 

As despesas operacionais mais do que dobraram no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2008, chegando a R$ 495,3 milhões. Chama a atenção o aumento de 188% em "outras despesas", para cerca de R$ 180 milhões, devido à harmonização das práticas contábeis com as do Pão de Açúcar.

 

Desse montante de R$ 180 milhões, mais de R$ 71 milhões referem-se à provisão para realização do ativo diferido. Em um novo estudo técnico, foi detectada a impossibilidade de recuperar na totalidade o ativo fiscal diferido, no prazo de dez anos. O Ponto Frio aumentou ainda em 36,7% a provisão para devedores duvidosos (PDD), que chegou a R$ 74 milhões.

 

Os gastos com vendas cresceram 22,7% e as despesas gerais e administrativas, 320,6%. Entre as despesas, destacam-se a contratação de serviços de terceiros para o processo de auditoria e ajustes contábeis realizados pela companhia no trimestre para provisões de contingências judiciais (cíveis, trabalhistas e tributárias) decorrente da reavaliação de risco.

 

A gestão comercial do Ponto Frio também ficou em segundo plano nos três meses anteriores à aquisição pelo Pão de Açúcar, comprometendo as vendas. Para a felicidade de concorrentes, como Casas Bahia e Magazine Luiza, as vendas em lojas comparáveis do Ponto Frio despencaram, com uma queda de 18,6% na comparação com o segundo trimestre de 2008. No primeiro trimestre, as vendas nas mesmas lojas já tinham caído 15,2% sobre igual período do ano passado.

 

Desde que assumiu o controle do Ponto Frio, a equipe designada pelo Pão de Açúcar já adotou algumas medidas para reverter o declínio acentuado das vendas da rede. Uma das providências foi a retomada dos investimentos em propaganda. O Pão de Açúcar também realizou reuniões com os 15 maiores fornecedores do Ponto Frio para alinhar as políticas comerciais.

 

O plano de recuperação do Ponto Frio deve ser divulgado no fim de outubro ou começo de novembro, quando espera-se que o Pão de Açúcar anuncie um programa mais detalhado do que pretende fazer e dos ganhos de sinergia obtidos com a aquisição. A Globex, na apresentação do balanço para investidores, sinalizou que as estratégias do seu novo controlador já começam a surtir efeito nas vendas neste terceiro trimestre.

 

Durante todo o primeiro semestre, a grande preocupação dos executivos do Ponto Frio era preparar a empresa para o processo de transferência de controle, deixando as vendas para segundo plano. "No segundo trimestre, os trabalhos de pré-aquisição foram intensificados", reconheceu o diretor financeiro e de relações com investidores, Orivaldo Padilha, em teleconferência na sexta-feira.

 

Na apresentação, contudo, a Globex atribuiu o fraco desempenho nas vendas à adoção no fim do ano passado de uma estratégia conservadora de concessão de crédito. Segundo a empresa, a taxa média de aprovação de crédito no segundo trimestre foi de 35,5%, uma redução de 24,6 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2008.

 

A abertura de lojas no trimestre não foi suficiente para reverter o fraco desempenho do varejo tradicional, destacou o diretor. Nem o aumento de 14,5% nas vendas de serviços e de 65% nas vendas pela internet. A receita bruta total no segundo trimestre teve um recuo de 7,9%, para R$ 1,053 bilhão. As vendas líquidas somaram R$ 840 milhões.

 

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) ficou negativo em R$ 270,4 milhões, ante resultado positivo de R$ 13,3 milhões em igual período de 2008. A margem lajida fechou o trimestre negativa em 32,2%.
 


Veículo: Valor Econômico


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