Negócios recuaram em todas as categorias de produtos
A desaceleração das vendas nos supermercados brasileiros atingiu todas as categorias de produtos conforme levantamento da Nielsen realizado a pedido da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Segundo a pesquisa, o volume comercializado nos autosserviços cresceu 3,7% no primeiro quadrimestre deste ano, o que representou praticamente metade da evolução de igual intervalo de 2010, quando a quantidade de produtos vendidos nos supermercados subiu 7,2%.
"Todas as categorias já crescem num ritmo menor este ano e a indústria deverá se adaptar a esse novo patamar", afirmou o presidente da Abras, Sussumu Honda. O dirigente ressalta, porém, que o nível de crescimento observado neste início de ano "continua forte", o suficiente para manter a demanda da indústria alimentícia aquecida, tanto em termos de produção quanto de investimentos. "Os ganhos de massa salarial, mesmo menores do que no ano passado, sustentam o crescimento das vendas nos supermercados", disse.
De acordo com o levantamento da Nielsen, o crescimento das vendas de bebidas alcoólicas desacelerou de 16,1%, registrado no primeiro quadrimestre do ano passado, para 8,4%, nos quatro primeiros meses de 2011. Na mesma comparação, houve desaceleração das vendas de bebidas não alcoólicas, de 12,7% para 3,5%; de produtos perecíveis, de 9,6% para 7,8%; de limpeza caseira, de 6,9% para 3%; de mercearia salgada, de 5,4% para 0,8%; de mercearia doce, de 3,5% para 1,9%; e de higiene e limpeza, de 3,5% para 3,3%.
Para Honda, a categoria de produtos perecíveis vem se destacando, mesmo com o crescimento das vendas abaixo do observado em 2010. As vendas de queijo, por exemplo, subiram 13%, enquanto carnes congeladas acumulam alta de 12,2% e iogurtes, 5,3% nos quatro primeiros meses deste ano frente aos quatro primeiros meses de 2010. Outros produtos com forte aumento das vendas são vinho (29%), suco de fruta pronto (21,5%) e bebidas à base de soja (17,6%). "Ainda temos produtos indo muito bem nas vendas", disse.
Apesar do forte crescimento observado em abril, puxado pela Páscoa, com vendas acima das expectativas, Honda avalia que a evolução do faturamento do setor não deverá se manter na faixa dos 5,5%, registrada no acumulado de janeiro a abril. "A tendência, daqui para frente, é de diminuição do consumo, acompanhando um crescimento menor da massa salarial", disse, reafirmando a projeção de crescimento de 4% das vendas para este ano.
De acordo com a Nielsen, as regiões do Grande Rio de Janeiro e dos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal registraram crescimento das vendas neste primeiro quadrimestre superior ao do mesmo intervalo do ano passado, com aceleração, respectivamente de 4,2% para 8,2% e de 1,4% para 3,7%. Nas demais regiões, houve desaceleração do crescimento frente ao ano passado: Espírito Santo, Minas Gerais e interior do Rio de Janeiro, de 10,4% para 5,1%; Sul, de 9,9% para 5%; Nordeste, de 9% para 4%.
Fusão - As discussões sobre uma fusão das operações entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour no Brasil, levantada por reportagem do francês "Le Journal du Dimanche", ampliaria a concentração no setor supermercadista. Na avaliação de Honda, porém, o mercado se "adaptaria" à união de ativos de grandes varejistas. "Na indústria, a concentração em alguns produtos é extremamente forte, mas isso não impede a competição", disse.
Honda exemplificou que na região Sul, a presença do Pão de Açúcar é tímida, com forte representatividade de supermercados de atuação local. Assim como no Sul, nas regiões Norte e Nordeste, e até em praças como o Rio de Janeiro, uma fusão entre o Pão de Açúcar e Carrefour não "alteraria o desenho de concentração" do setor. O dirigente destacou ainda que, excluídas as operações de bens duráveis do Pão de Açúcar, com as bandeiras da Casas Bahia e Ponto Frio, a concentração seria ainda menor.
Segundo a Abras, a participação das vendas das maiores empresas do setor de supermercados no Brasil, leia-se Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, subiu de 38%, em 2008, para 40%, em 2009, avançando para 43% no ano passado. O aumento na concentração foi impulsionado pela associação do Pão de Açúcar com a Casas Bahia. Honda avalia que, embora a concentração avance, ainda está longe da realidade na Europa, onde as cinco maiores redes respondem por 70% a 80% das vendas.
Veículo: Diário do Comércio - MG